Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
Corpo do artigo
1 - A VISÃO BIDEN PARA O "REGRESSO DA AMÉRICA".
Em artigo na "Foreign Affairs", edição março/abril, o nomeado presidencial democrata aponta: "Sob quase todos os indicadores, a credibilidade e a influência dos EUA no mundo diminuíram desde que o Presidente Obama e eu deixámos funções, a 20 de janeiro de 2017. O Presidente Donald Trump menorizou, minou, enfraqueceu e alguns casos abandonou aliados fundamentais dos EUA. Deitou fora trabalho e inteligência dos nosso profissionais, diplomatas e militares. Deu força a adversários e retirou trunfos à nossa segurança nacional em desafios como a Coreia do Norte, o Irão, a Síria ou o Afeganistão e a Venezuela, com quase nada para mostrar. Lançou guerras comerciais mal preparadas, contra adversários mas também aliados dos EUA, que atingem e afetam a classe média americana. Abdicou da liderança americana e deixou de apelar à mobilização coletiva em torno de novas ameaças, sobretudo as que atingem o nosso país. Mais do que isso, ele atirou borda for a valores democráticos essenciais para o nosso país e para unificar a nossa nação. Enquanto isso, os desafios globais que os EUA têm que enfrentar (desde as alterações climáticas às migrações em massa, até à disrupção tecnológica e às doenças infeciosas) aumentaram na complexidade e na urgência, enquanto o rápido avanço do autoritarismo, nacionalismo e iliberalismo enfraqueceu a capacidade de lidarmos com tudo isso enquanto coletivo e nação. As democracias - paralisadas pelo hiperpartidarismo, manietadas pela corrupção, puxadas para baixo pela extrema desigualdade - estão a passar por um período muito difícil. A confiança na democracia institucional está a descer. O medo do Outro está a subir. E o sistema internacional que os EUA construíram com tanto cuidado e trabalho, está a deslaçar-se. Trump e outros demagogos por todo o mundo estão a aproveitar-se disso para reforçar poderes pessoais e ter ganhos políticos".
2 - REFAZER A CONFIANÇA, RESTAURAR A REPUTAÇÃO.
Se Biden suceder a Trump a 20 de janeiro 2021, que tipo de prioridades assumirá? "O próximo Presidente terá que enfrentar o mundo como ele estiver em janeiro de 2021 e pegar nas peças desfeitas será uma enorme tarefa. Terá que salvar a nossa reputação, refazer a confiança na nossa liderança, mobilizar o país
e os nossos aliados para rapidamente enfrentar os novos desafios. Não haverá tempo a perder. Como presidente, tomarei medidas imediatas para renovar a democracia americana e as suas alianças, proteger o futuro da economia americana e ter uma vez mais a América como líder do mundo. Este não é o momento para temer. Este é o momento para convocar a força e a audácia que levou este país a vencer duas guerras mundiais e a deitar abaixo a Cortina de Ferro. O triunfo da democracia e do liberalismo sobre o fascismo e a autocracia criaram o mundo livre. Mas este registo não define apenas o nosso passado. Vai definir também o nosso futuro".
UMA INTERROGAÇÃO: Será que o Indiana vai estar nos estados competitivos (como em 2008, quando Obama surpreendentemente bateu McCain naquele estado), ou Trump acabará por vencer sem dificuldades em território muito "branco" e "religioso"?
UM ESTADO: Indiana
Resultado em 2016: Trump 56,8%-Hillary 37,9%
Resultado em 2012: Romney 54,1%-Obama 43,9%
Resultado em 2008: Obama 49,9%-McCain 48,5%
Resultado em 2004: Bush 59,9%-Kerry 39,3%
(nas últimas 12 eleições presidenciais, 1 vitória democrata, 11 vitórias republicanas)
-- Indiana tem 6,7 milhões habitantes: 78,4% brancos, 4,0% hispânicos, 9,9% negros, 7,3% asiáticos; 50,7% mulheres
11 VOTOS NO COLÉGIO ELEITORAL
UMA SONDAGEM: Indiana - Trump 52-Biden 39
(Indy Politics/Change Research 10-13 abril)