Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
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1 - PROPOR O REGRESSO À NORMALIDADE. Joe Biden aceitou a nomeação presidencial democrata acusando Donald Trump de "falhar no seu dever mais básico", o de proteger a vida dos americanos, no modo como está a gerir a pandemia. Esse será mesmo o principal trunfo dos democratas, na busca de travar a reeleição deste Presidente. "O atual Presidente mergulhou a América na escuridão demasiado tempo. Demasiada raiva, demasiado medo, demasiada divisão. Aqui e agora, dou-vos a minha palavra: se me confiarem a presidência, farei sobressair o melhor de nós, não o pior. Serei um aliado da luz, não da escuridão. Unidos, podemos derrotar estes tempos de escuridão", prometeu Joe Biden. A semana de Convenção virtual juntou as principais figuras do Partido Democrata (e até republicanos descontentes, como Colin Powell, Meg Whitman ou John Kasich) e, apesar de diferenças ideológicas de base, todos apontaram uma necessidade comum: evitar um segundo mandato de Trump é a única forma de assegurar um certo regresso à normalidade. "A América merece um Presidente melhor", disseram Michelle e Hillary. "Donald Trump pôs a democracia em risco", avisou o seu antecessor Barack Obama, com a Constituição exposta em fundo. Kamala Harris aceitou a nomeação para vice colocando o dedo na ferida: "Neste momento, temos um presidente que transforma as nossas tragédias em armas políticas. Joe Biden será um presidente que transforma os nossos desafios em objetivos".
2 - MÁS COMPANHIAS. Steve Bannon foi o "ideólogo" da fase crucial da campanha Trump 2016. Sem ele, Donald provavelmente não teria ganho. Quando assumiu a direção da campanha, Trump estava a mais de 10 pontos de Hillary e falava essencialmente contra os mexicanos e a imigração. Steve acrescentou à narrativa Trump a parte do "anti-establishment", de "destruir o sistema por dentro", da "revolução populista" que fizesse implodir a elite política de Washington. Acertou. Bannon foi chefe estratega da primeira fase da Casa Branca de Trump. Saiu num período em que interessava a Donald descolar da extrema-direita, mas nos últimos tempos havia sinais de reaproximação. Ontem, Bannon foi detido por alegada fraude em angariação de fundos da campanha "Build the Wall", a campanha para a construção do muro com o México, tema central da narrativa Trump. Saiu horas depois, mas só depois de pagar caução milionária: cinco milhões de dólares. Cada caso será um caso. Mas é incrível notar o rol de presos ou detidos entre o círculo próximo do atual Presidente dos EUA: Michael Cohen, seu advogado por uma década; Paul Manafort, diretor de campanha 2016 na primeira fase; Roger Stone, seu conselheiro de Comunicação há mais de três décadas. Más companhias.
UMA INTERROGAÇÃO: Vai Joe Biden insistir na tecla da "decência" que será necessário recuperar para o cargo da Presidência ou será esse um caminho arriscado?
DISTRITO FEDERAL: Washington DC
Resultado em 2016: Hillary 90,5%-Trump 4,1%
Resultado em 2012: Obama 90,9%-Romney 7,3%
Resultado em 2008: Obama 92,5%-McCain 6,5%
Resultado em 2004: Kerry 89,2%-Bush 9,0%
(nas últimas 12 eleições presidenciais, 12 vitórias democratas)
- Washington DC tem 710 mil habitantes: 37,5% brancos, 11,3% hispânicos, 46,0% negros, 4,5% asiáticos; 52,6% mulheres
3 VOTOS NO COLÉGIO ELEITORAL
UMA SONDAGEM: Washington DC - sem sondagens até agora | o modelo preditivo da Economist dá mais de 99% de probabilidade de vitória Joe Biden no Distrito Federal