Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
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1 - OLHEM PARA O CONGRESSO. Geralmente olhamos só para a corrida à Presidência: é normal, pela identificação com o cargo, com os candidatos e pelo poder do marketing das candidaturas e pela forma como os media alinham nesse jogo. Mas também há outras duas eleições fundamentais a 3 de novembro: para o Senado e para a Câmara dos Representantes. Na câmara baixa não se prevê emoção: os democratas têm tudo para renovar a grande maioria obtida em 2018 (têm 232 lugares, bastam 218 para ter a maioria, é possível que a alarguem ligeiramente; historicamente, mais de 90% dos congressistas conseguem reeleger-se depois dos primeiros dois anos no cargo). No Senado a conversa é diferente: os republicanos têm 53, os democratas 45, com dois independentes geralmente alinhados com os democratas. É quase certo que os democratas perderão o senador que têm no Alabama. Por isso, na prática as contas são 54-46. Para os democratas arrecadarem a câmara alta precisam, por isso, de "roubar" cinco senadores aos republicanos. Estão, neste momento, a disputar com hipóteses de vitória oito deles. Por isso, tudo está em aberto e é possível que o Senado se decida por apenas um ou dois lugares. Um terço dos lugares (35 em 33 estados) vão a jogo: 24 republicanos, 11 democratas terão que defender o lugar. Caso os democratas passem a controlar o Senado, é de esperar que lancem a questão do alargamento dos juízes do Supremo, para compensar a nomeação relâmpago da juíza Amy Barrett por parte de Trump e dos republicanos, depois da morte de Ruth Bader Ginsberg.
2 - TRUMP FEZ A CHINA GRANDE OUTRA VEZ. Donald Trump foi eleito há quatro anos sob a promessa de "tornar a América grande outra vez". E também numa plataforma de profunda oposição e antagonismo com a China. Mas os EUA perderam mais do que ganharam com a guerra de tarifas impostas pelo Presidente americano. A incapacidade revelada na gestão da pandemia, com resultados trágicos para a saúde dos americanos, mostrou também como, em 2020, a América tem fragilidades que não seriam aceitáveis no país mais rico e poderoso do mundo. Jorge Almeida Fernandes, no Público, nota: "Donald Trump chegou ao poder propondo-se "meter a China na ordem", em nome do slogan America First. Ao fim de quatro anos, há uma geral perceção de que os EUA estão a perder influência, enquanto a China promoveu o seu estatuto internacional". Yan Xuetong, presidente do Carnegie-Tsinghua Center for Global Policy, citado no artigo de Jorge Almeida Fernandes: "Trump arruinou o sistema de alianças dos Estados Unidos" e deu lugar ao "período de melhor oportunidade estratégica para a China desde o fim da Guerra Fria".
UMA INTERROGAÇÃO: Será que a China vai contar nessa escolha presidencial americana 2020?
OS PRESIDENTES DOS EUA ENTRE 1861 E 1881
16 - Abraham Lincoln (1861-1865) Vice-Presidentes: Hannibal Hamlin e Andrew Johnson
Partido: Republicano / National Union
Advogado, liderou a nação durante a Guerra Civil. Conseguiu preservar a União, abolir a escravatura, cimentar o governo federal e modernizar a Economia americana. Continua, por tudo isto, a ser apontado como o mais relevante e bem sucedido Presidente da história americana.
17 - Andrew Johnson (1865-1869) Vice-Presidente: vaga não preenchida durante o mandato
Partido: Democrático / National Union
Vice-presidente no momento do assassinato de Lincoln, subiria à presidência em momento trágico para o país. Tinha sido, como democrata, o número dois do "ticket" de União Nacional liderado pelo republicano Lincoln. Foi alvo de impeachment depois de um conflito entre democratas e republicanos no Congresso. Mas seria ilibado da acusação no Senado. Comprou o Alasca aos russos.
18 - Ulysses Grant (1869-1877) Vice-Presidente: Schuyler Colfax e Henry Wilson
Partido: Republicano
Liderou o exército unionista na Guerra Civil e os Radical Republicans durante a Reconstrução, para defender os negros e refazer a Marinha americana.
19 - Rutherford Hayes (1877-1881) Vice-Presidente: William Wheeler
Partido: Republicano
Foi congressista na Câmara dos Representantes e governador do Ohio. Defensor do abolicionista e dos direitos dos escravos, que advogou em tribunal.
20 - James Garfield (1881-1881) Vice-Presidente: Chester Arthur
Partido: Republicano
Assassinado seis meses e meio depois de ter tomado posse. Foi senador estadual no Ohio e general no exército unionista, contra a secessão da Confederação, durante a Guerra Civil.
*autor de quatro livros sobre presidências americanas