Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
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1 - UM PRESIDENTE INCOMPETENTE FAZ DA SUA ADMINISTRAÇÃO INCOMPETENTE. Donald Trump foi, durante grande parte deste mandato presidencial, um Presidente incompetente. Fez más escolhas, reduziu o prestígio das instituições, pôs a imagem da América na lama em temas como a responsabilidade ambiental ou as relações com líderes muito pouco recomendáveis. Consequência: os melhores elementos foram saindo (General Jim Mattis, General McMaster, Rex Tillerson, Reince Priebus, General John Kelly, Gary Cohn...), os piores foram ficando (Mike Pompeo, Rick Perry, Betsy DeVos, Wilbur Ross). Mais grave ainda: lugares relevantes na área da Defesa e Política Externa ficaram por preencher, por manifesta falta de capacidade do Presidente convencer as pessoas competentes para assumirem funções relevantes na administração em postos intermédios. Isso levou a uma progressiva degradação da qualidade das decisões e dos serviços federais em áreas como o Ambiente, a Saúde, as Relações Externas e a Defesa. A hipótese (improvável, mas ainda possível) de um segundo governo Trump seria uma espécie de "teatro de horrores" com gente de segunda linha e lugares por preencher. Um líder incompetente faz da sua administração incompetente.
2 - UMA QUESTÃO DE DECÊNCIA. Joe Biden vai fazer a sua campanha contra Trump baseada na ideia de que a América precisa de voltar a ter um Presidente decente. E precisa mesmo. O que é preciso mais acontecer para que Donald Trump não seja "relativizado" e desculpado? Em tweet publicado a 27 de abril, assumiu uma espécie de rutura das suas obrigações como presidente de uma União de estados. Numa clara e manifesta violação do espírito da Federação americana, escreveu assim: "Porque é que as pessoas e os contribuintes devem financiar e ajudar os estados mal governados (como o Illinois, por exemplo) e cidades, em todos os casos governados por democratas?" Ora, para quem conhece a lógica federal, isto é de uma gravidade sem nome - e sem qualquer tipo de desculpa quando tem a assinatura escrita do Presidente dos EUA. Os Estados Unidos são uma república constitucional e federal - fundam-se na diversidade dos estados, coesos nessas duas ideias indestrutíveis: o respeito pela
Constituição e a União que decorre dessa federação de estados diversos. Quando o Presidente, maior responsável pela preservação dessa unidade na diversidade, assume uma divisão pela cor política de quem governa os estados, algo de profundamente irreversível já aconteceu. Não é "pode acontecer". Já aconteceu.
UMA INTERROGAÇÃO: Em quem irão votar republicanos como George W. Bush (ex-Presidente), Mitt Romney (nomeado presidencial 2012 e senador pelo Utah) ou John Kasich (governador do Ohio e terceiro classificado nas primárias republicanas 2016)?
UM ESTADO: Novo México
Resultado em 2016: Hillary 48,3%-Trump 40,0%
Resultado em 2012: Obama 53,0%-Romney 42,8%
Resultado em 2008: Obama 56,9%-McCain 41,8%
Resultado em 2004: Bush 49,9%- Kerry 49,0%-
(nas últimas 12 eleições presidenciais, 6 vitórias democratas, 6 republicanas - AS ÚLTIMAS TRÊS FORAM DEMOCRATAS)
- O Novo México tem 2 milhões de habitantes: 36,8% brancos, 49,3% hispânicos, 2,6% negros, 1,8% asiáticos; 50,5% mulheres
5 VOTOS NO COLÉGIO ELEITORAL
UMA SONDAGEM: Novo México -- Biden 51/Trump 39
(Public Policy Polling 15-17 julho)
*autor de quatro livros sobre presidências americanas