Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
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1 - "SE A CULPA É MINHA EU PONHO-A EM QUEM EU QUISER". A frase é de Homer Simpson e bem que podia ser a versão animada de Donald Trump, certo? A lógica é parecida. "Donald Trump é o primeiro Presidente do meu tempo de vida que não tenta unir o povo americano - nem sequer finge que o tenta fazer. Em vez disso, ele tenta dividir. Estamos a testemunhar as consequências de três anos desse esforço deliberado. Estamos a testemunhar as consequências de três anos sem uma liderança madura. As palavras 'Equal Justice Under Law", que os manifestantes repetem nas ruas, são precisamente aquelas que estão escritas no pavimento do Supremo Tribunal dos EUA. Donald Trump põe os americanos uns contra os outros e constitui uma ameaça à Constituição dos EUA", aponta o General Jim Mattis, Secretário da Defesa dos EUA nos primeiros dois anos da Administração Trump. Donald Trump é um extremista sonso - agride e depois diz que não agrediu. Insulta e depois diz que não insultou. Atira a pedra e esconde a mão. Vai, com essa ambiguidade, energizando a sua base branca, que se assusta com o crescimento das minorias e pende para um racismo mais ou menos assumido.
Corteja, sem assumir, uma ala supremacista branca em ascensão desde 2016. Mas nunca descura a possibilidade eleitoral de beneficiar de votos de pessoas menos atentas a questões retóricas e apenas olham para o dinheiro que têm na carteira. Não é "ideologia". É mesmo só obsessão por conseguir ser reeleito. Daron Acemoglu, na "Foreign Affairs", identifica o "deslaçar da Democracia americana": "Os países falham do mesmo modo que os negócios: primeiro lenta e gradualmente, depois subitamente".
2 - O REGRESSO DO ESSENCIAL SE BIDEN GANHAR. Sem saberem muito bem porquê (e muitos deles sem terem a noção do estavam a fazer), milhões de americanos legitimaram, pelo voto, um retrocesso gravíssimo na proteção social da sociedade dos EUA ao darem a presidência a Donald Trump. A obsessão do atual Presidente de destruir o ObamaCare deixou mais de 20 milhões de americanos sem qualquer acesso à Saúde. Num dos primeiros sinais fortes na sua campanha, Joe Biden anunciou um plano de 775 mil milhões de dólares para criar um programa de cobertura universal de saúde infantil e de proteção aos idosos acamados. O Plano Biden prevê também um fundo de emergência de ajuda federa aos estados, no sentido de, a nível estadual, os centros de apoio a crianças sobrevivam economicamente durante a pandemia.
UMA INTERROGAÇÃO: Vai Donald Trump conseguir ter, nas urnas, o voto de 85/90% dos eleitores republicanos, como as sondagens têm apontado nestes anos de presidência Trump, ou a Economia irá alterar estas contas de forma significativa?
UM ESTADO: Pensilvânia
Resultado em 2016: Trump 48,6%-Hillary 47,9%
Resultado em 2012: Obama 52,0%-Romney 46,6%
Resultado em 2008: Obama 55,7%-McCain 44,3%
Resultado em 2004: Kerry 51,0%-Bush 48,5%
(nas últimas 12 eleições presidenciais, 7 vitórias democratas, 5 republicanas)
- A Pensilvânia tem 12,8 milhões de habitantes: 75,7% brancos, 7,8% hispânicos, 12% negros, 3,8% asiáticos; 51,0% mulheres
20 VOTOS NO COLÉGIO ELEITORAL
UMA SONDAGEM: Pensilvânia -- Biden 50/Trump 39
(Fox News, 18-20 julho)
Até amanhã!
*autor de quatro livros sobre presidências americanas