Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
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1 - O VOTO ANTECIPADO PODE DECIDIR
O que poderá decidir uma eleição tão longa, imprevisível, disputada e complexa como é esta corrida presidencial americana 2020?
Raquel Vaz-Pinto, professora na FCSH/Nova com a Grande Estratégia dos EUA como uma das áreas de investigação, aponta: "De todos os elementos de análise destacaria o voto antecipado, que que já vai em níveis históricos."
Para a investigadora do IPRI, "Joe Biden é visto como um candidato com muitas fragilidades e pouco carismático. No entanto, Bernie Sanders seria possivelmente uma alternativa demasiado à esquerda para a realidade da América. Teriam os democratas melhor escolha nesta nomeação presidencial 2020? Joe Biden é, neste momento, um bom candidato para a mensagem do
Partido Democrata. Uma pessoa empática, decente e com uma vida ao serviço do seu país."
A escolha de Kamala e o apelo ao centro podem ser apostas com mais ganhos que perdas para a plataforma Biden: "O Partido Democrata com Biden está a apelar ao centro, aos moderados republicanos e/ou aos Never Trumpers. O ticket com Kamala Harris equilibra o Partido Democrata tendo em conta a idade de Biden e apela à diversidade do seu eleitorado. A parceria Biden-Harris consegue assim apelar aos vários grupos do seu eleitorado e ir buscar os moderados republicanos", identifica Raquel Vaz-Pinto.
2 - TRUMP NÃO VAI DESAPARECER. MESMO QUE PERCA
Fica a convicção da investigadora e professora universitária: "Mesmo que Trump não seja reeleito dificilmente esses traços irão desaparecer. Para percebermos o rumo do Partido Republicano será igualmente importante vermos o que irá acontecer no Senado. Se o GOP perder o controlo do Senado penso que a reflexão interna e a resposta dos republicanos clássicos será mais forte. Ainda assim, a tarefa não será fácil."
E um novo mandato Trump, como será? Mera repetição dos últimos quatro anos ou com novidades de relevo? "Um segundo mandato de Trump é, desde logo, um exercício de imaginação difícil", considera Raquel Vaz-Pinto. "No entanto", ressalva a investigadora, "há alguns dossiers que são consensuais entre os dois partidos. O mais emblemático é a relação com a China. O essencial da
rivalidade da relação entre Washington e Beijing continuará."
E uma Administração Biden? "Numa Presidência Biden mudará desde logo a forma e o profissionalismo. Voltaremos a ter pessoas competentes e os lugares, por exemplo, no Departamento de Estado preenchidos com pessoas competentes, em número
suficiente e com autoridade. E a relação com os aliados não deixará de englobar os temas «quentes» como as contribuições financeiras no âmbito da NATO, por exemplo, mas será certamente mais próxima e previsível. Os EUA voltarão a estar presentes nas instituições multilaterais retirando assim margem de manobra à China", remata Raquel Vaz-Pinto.
UMA INTERROGAÇÃO: Como será a sociedade americana depois destas eleições presidenciais 2020?
ESTADOS DECISIVOS
FLORIDA: Biden 51-Trump 45 (Emerson, 29 e 31 out)
MICHIGAN: Biden 52-Trump 45 (Emerson, 29 e 31 out)
CAROLINA DO NORTE: Trump 47-Biden 47 (Emerson, 29 e 31 out)
PENSILVÂNIA: Biden 50-Trump 46 (Emerson, 29 e 31 out)
ARIZONA: Biden 48-Trump 46 (Emerson, 29 e 31 out)