Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
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1 - ANÁLISE EXAUSTIVA AO PROGRAMA DA CANDIDATURA TRUMP
Este ponto 1 é dedicado ao programa eleitoral do candidato Donald Trump. Não é preciso reservar assim muito espaço. Na verdade, não é preciso espaço nenhum - pela simples razão que Donald Trump não tem programa eleitoral. É o primeiro candidato presidencial de uma história de quase dois séculos e meio de corridas à Casa Branca que vai a votos sem programa. E isso diz muito sobre o que é a plataforma Trump: nada a ver com ideias, factos ou propostas. Tudo a ver com perceções básicas, ilusões, quase tudo baseado no suposto poder salvífico do líder. Há quatro anos ainda houve a ideia do muro, as promessas de restrição de fronteiras, a diabolização de Hillary e da China. Agora é quase só "Trump ou o caos marxista", algo que chega a ser difícil de compreender como pode colar, atendendo ao facto dos democratas terem nomeado o candidato mais centrista e moderado. Mas Trump e os seus apoiantes querem acreditar que "a esquerda marxista" domina a candidatura Biden, mesmo que nenhum dos dois elementos do ticket tenha, sequer, alguma simpatia pelo radicalismo político. Bem-vindos à era da estupefação, em que os dados objetivos em nada explicam ou dissuadem. Os apoiantes de Trump não precisam de programa ou de explicação. Apenas querem mobilização de crenças. Que se há de fazer?
2 - SÓ MESMO SE FOR PELA ECONOMIA
Donald Trump até pode ser reeleito. Não é o cenário mais provável neste momento - mas é possível, sobretudo se olharmos para o modo como conseguiu, no último mês, conseguiu reduzir para menos de metade a desvantagem enorme que tinha em julho. Mas se olharmos com atenção para sondagem CNN (28 agosto-1 setembro) percebemos que o único tópico em que Trump está à frente de Biden é na Economia (49/48) - mas essa diferença era muito maior há um mês: 53-45. Em todos os outros, o democrata bate o republicano-Presidente-incumbente de forma clara: resposta ao coronavírus (53-41 para Biden), Cuidados de Saúde (55-40 para Biden), Racismo e Desigualdade racial (56-38), Política Externa (54-42), Sistema Criminal e Justiça (51-44), Ajuda à Classe Média (52-45), "Interessa-se por pessoas como você" (52-41), "É honesto e confiável" (53-36), "É capaz de gerir o governo de forma eficaz" (52-43), "Vai unir o país e não dividi-lo" (56-36), "Tem dureza e clareza para ser Presidente" (48-46), "Tem um plano claro para resolver os problemas do país" (49-43), "Partilha os vossos valores" (52-39), "Preservará os americanos longe de ameaças" (51-45), "Mudará o Governo para melhor" (52-42). Fica mesmo muito difícil olhar para estes números e achar que Trump está em melhor posição que Biden para ganhar a eleição de 3 de novembro.
UMA INTERROGAÇÃO: Quanto vão pesar os vices, Kamala Karris e Mike Pence, na ponderação de voto dos indecisos?
UM ESTADO: Kentucky
Resultado em 2016: Trump 62,5%-Hillary 32,7%
Resultado em 2012: Romney 60,5%-Obama 37,8%
Resultado em 2008: McCain 57,4%-Obama 41,2%
Resultado em 2004: Kerry 59,5%-Bush 39,7%
(nas últimas 12 eleições presidenciais, 9 vitórias republicanas, 3 vitórias democratas)
-- O estado do Kentucky tem 4,5 milhões habitantes: 84,1% brancos, 3,9% hispânicos, 8,5% negros, 1,6% asiáticos; 50,7% mulheres
8 VOTOS NO COLÉGIO ELEITORAL
UMA SONDAGEM: Kentucky | Não há sondagens para este estado | o modelo preditivo da Economist dá mais de 99% de probabilidade de triunfo Trump no Kentucky