Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
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1 - JOE A CITAR FDR (SERÁ POR AÍ?)
"Nos primeiros dias da II Grande Guerra Mundial, Franklin Roosevelt disse ao país: "As notícias vão ser piores e ainda piores antes de começarem a ficar melhores e depois ainda melhores. O povo americano merece saber o que se passa e merece saber isso com Verdade, de forma frontal." De forma frontal. O trabalho de um Presidente é o de dizer a Verdade. Ser verdadeiro. Ser correto. Enfrentar factos. Liderar e não acicatar." Biden usou, no discurso da Pensilvânia, o "pivô" com FDR, herança sólida para os democratas, mas também para uma certa noção de nacionalismo decente, algo que Donald Trump vandalizou por completo. Será por aí que Biden poderá conseguir conectar com uma área que, sendo nacionalista, poderia estar mais propenso a votar no candidato republicano, mas não se revê no comportamento de Trump. Joe Biden tem insistido na tecla de que Trump é responsável pelo acicatar da violência, Donald Trump associa Biden à "fraqueza" de mayors democratas. O caos nas ruas poderá beneficiar Trump eleitoralmente (Kellyane Conway à Fox News foi clara: "quanto mais reinar o caos, a anarquia, o vandalismo e a violência melhores são as notícias"). Mas, sendo Presidente, não era sua obrigação evitar esse caos? Em que ficamos?
2 - "DESGRAÇA NACIONAL"
Maureen Dowd, em artigo no NYT: "Donald Trump é vago nos assuntos e vulgar com as mulheres". "Pus baton num porco. Estou arrependido", admitiu Tony Schwartz, "ghostwriter" do livro "The Art of the Deal", biografia de Donald Trump. "Donald Trump não faz ideia do que é ser Presidente dos Estados Unidos. Tomar decisões a este nível é muito difícil. Isto não é "reality TV".", notava Obama, dias antes da eleição 2016. "Mesmo que não gostem de mim, vão ter de votar em mim." A isto tudo Donald Trump responde assim. Mas Colin Powell, general que serviu nas Administração Bush pai e Bush filho e apoia Biden depois de já ter apoiado Hillary, sentencia: "Donald Trump é uma desgraça nacional." Linda Stasi, colunista do NY Daily News, que acompanha há várias décadas a carreira empresarial e a vida pública do atual Presidente dos EUA, sentencia: "Donald Trump nasceu sem o gene da vergonha. Parece que nada o afeta. Não quer saber. Não se sente na necessidade de justificar e consegue, quase sempre, tirar proveito disso". Natural de Nova Iorque, filho do empresário Fred Trump e de Mary Anne MacLeod, Donald Trump, nomeado como candidato presidencial republicano na Convenção de Cleveland, tem ascendência alemã, por parte dos avós paternos, e escocesa (a mãe nasceu em Stornoway, na Escócia, em 1912). Casado pela terceira vez, a primeira mulher, Ivana, é checa, e a terceira e atual, Melania, é eslovena. Tantas influências estrangeiras na vida pessoal de Donald não deixam de ser irónicas para quem quer "fechar fronteiras", "retirar os EUA da Organização Mundial do Comércio" e "impedir a entrada de refugiados e imigrantes ilegais".
UMA INTERROGAÇÃO: Que peso terá o tema de imigração e do controlo de fronteiras nos resultados eleitorais de 3 de novembro?
UM ESTADO: Montana
Resultado em 2016: Trump 56,2%-Hillary 35,8%
Resultado em 2012: Romney 55,4%-Obama 41,7%
Resultado em 2008: McCain 49,5%-Obama 47,3%
Resultado em 2004: Bush 59,1%-Kerry 38,6%
(nas últimas 12 eleições presidenciais, 11 vitórias republicanas, 1 vitória democrata)
-- O estado do Montana tem 1,1 milhões habitantes: 85,9% brancos, 4,1% hispânicos, 0,6% negros, 0,9% asiáticos; 51,6% mulheres
3 VOTOS NO COLÉGIO ELEITORAL
UMA SONDAGEM: Montana | Trump 54-Biden 46
(Emerson College, 31 julho/2 agosto)