Foi uma condenação quase unânime. Dos 193 países membros das Nações Unidas, apenas os Estados Unidos e Israel votaram contra a iniciativa. Ninguém se absteve. Apesar disso, esta votação mostra que o fim do embargo ainda está longe. Cuba lamenta.
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O ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez Parilla, manifestou a sua deceção pelo voto contra dos Estados Unidos ao fim do embargo à ilha, numa votação histórica realizada hoje na Assembleia-geral das Nações Unidas. "Sinto-me dececionado com o voto dos EUA. Há poucas horas o governo dos EUA votou contra o fim do bloqueio. A fundamentação que apresentou na Assembleia-geral resulta francamente insubstancial", declarou Parilla aos jornalistas.
O resultado da votação foram 191 votos favoráveis, nenhuma abstenção e dois votos contra (Estados Unidos e Israel). O embargo imposto pelos EUA é um dos mais longos da humanidade e foi decretado a 07 de fevereiro de 1962.
O ministro cubano disse que esperava encontrar um voto consistente com as obrigações jurídicas internacionais dos Estados Unidos. "Isso não ocorreu hoje e resulta dececionante", admitiu.
Parilla reclamou que as justificações para o voto contra da delegação americana não apresentaram fundamentos no ponto de vista do poder Executivo de introduzir modificações reais à aplicação do bloqueio.
O discurso americano na Assembleia-geral da ONU reconhece os progressos em matéria diplomática alcançado nos últimos meses e reafirma o engajamento do Presidente Barack Obama no debate com o Congresso para o fim do bloqueio.
"Em essência, a explicação resulta profundamente contraditória e inconsistente com a nova política anunciada", criticou. Nas palavras do governante cubano, a comunidade internacional expressou "praticamente de forma unânime" o seu apoio ao levantamento do bloqueio económico. Parilla disse ainda que o bloqueio contra Cuba é um "ato totalmente unilateral" dos EUA e sustentou que esta política prejudica o interesse nacional dos americanos.
O ministro cubano reclamou, por outro lado, que passados 10 meses, desde 17 de dezembro de 2014, quando foram retomadas as relações entre o líder Raúl Castro e Barack Obama, o Congresso dos EUA ainda não aprovou nenhuma emenda ou legislação dirigida a eliminar o bloqueio.
Castro e Obama já se reuniram duas vezes desde a retoma das relações, em dezembro de 2014. O primeiro encontro foi em abril, na Cimeira das Américas, no Panamá. A última vez em que os dois presidentes se viram foi a 29 de setembro à margem da Assembleia Geral da ONU.
Em 10 meses, os países reabriram as embaixadas em Havana e Washington e relaxaram restrições de viagens.