Amnistia acusa militares nigerianos de matarem manifestantes desarmados

Segundo a polícia, dez pessoas foram mortas - cinco na cidade de Onitsha, no estado de Anambra e cinco em Asaba, no estado vizinho de Delta, no sudeste da Nigéria - durante atos violentos ligados às comemorações do final do mês passado.

O movimento Povo Indígena do Biafra (IPOB), um grupo independentista na origem dessas comemorações, sustenta, por seu lado, que pelo menos 35 dos seus membros foram mortos em Onitsha. Durante visitas a hospitais e morgues, a Amnistia Internacional (AI) chegou a um balanço de 17 mortos e quase 50 feridos em Onitsha.

"O número real é provavelmente mais elevado", disse a organização de defesa dos direitos humanos em comunicado, sublinhando que alguns dos mortos e feridos vistos pelo seu pessoal foram baleados nas costas, o que indica que estariam a fugir quando foram atingidos.

"Abrir fogo contra os pacíficos simpatizantes do IPOB e espetadores, que claramente não representam ameaça para ninguém, constitui um uso escandaloso desnecessário, excessivo e inútil da força", afirmou o diretor da AI para a Nigéria, MK Ibrahim, que indicou que uma pessoa foi morta a tiro enquanto dormia.

Durante as manifestações, os simpatizantes do IPOB celebravam o 49º aniversário do início daquela que ficaria conhecida por Guerra do Biafra e que ocorreu depois de, a 30 de maio de 1967, líderes locais terem declarado unilateralmente a independência da República do Biafra.

A guerra civil terminou já no final da década de 1970 e deixou mais de um milhão de mortos, grande parte deles devido à fome e por doença.

A Aministia, que diz ter falado com 32 testemunhas oculares em Onitsha, afirmou não ter encontrado qualquer indício de que polícia e militares agiram em legítima defesa. A polícia tinha afirmado ter aberto fogo em resposta a disparos por parte de membros do IPOB e que dois agentes haviam sido mortos em Asaba.