Amnistia acusa Pequim de agravar violações aos direitos humanos antes das Olimpíadas
A Amnistia Internacional acusou, esta segunda-feira, a poucos dias do início dos Jogos Olímpicos, a China de agravar as violações de direitos humanos. Entretanto, Pequim desvalorizou uma explosão que ocorreu no sul do país.
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A Amnistia Internacional acusou, esta segunda-feira, a poucos mais de uma semana do início dos Jogos Olímpicos, a China de agravar as violações dos direitos humanos cometidas no país.
Mais detenções sem julgamento, mais perseguição de quem defende os direitos humanos, mais censura aos meios de comunicação social e à Internet são apenas algumas das críticas que a Amnistia Internacional lança a Pequim.
Em declarações à TSF, Maria Teresa Nogueira, da secção portuguesa da Amnistia Internacional, alertou que a realização dos Jogos Olímpicos provocou uma intensificação das violações dos direitos humanos, para «dar a aparência de harmonia e paz» no país.
Num relatório, a organização de defesa dos direitos humanos acusa as autoridades chinesas de fazerem tudo para calar os opositores e os activistas que tentam defender as vítimas, acusando-os de «coisas tão vagas como separatismo, subversão ou perturbação de ordem pública».
A Amnistia dá o exemplo de um advogado que ajudava as famílias das vítimas que pretendiam instaurar processos contra o estado chinês, depois do violento terramoto de Sichuan.
«Assim que as populações começaram a protestar por causa da má qualidade das construções escolares, os jornalistas foram proibidos de entrevistar as populações locais», acrescentou Maria Teresa Nogueira.
No balanço das promessas que a Amnistia acusa a China de ter quebrado, só merece nota «positiva» o facto de, desde o início de 2008, cerca de 15 por cento das sentenças de morte terem sido rejeitadas pelo Supremo Tribunal do Povo.
No entanto, alertou Maria Teresa Nogueira, «a China esconde grande parte das condenações à morte», logo, não existe forma de «verificar se efectivamente as penas estão a ser reduzidas».
Da análise da Amnistia sobram ainda críticas ao recuo de quem, entre a comunidade internacional, afinal vai estar presente em Pequim, como o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o chefe de Estado norte-americano, George W. Bush.
A organização direcciona ainda críticas ao Comité Olímpico Internacional, acusando-o de ser complacente ao não permitir as manifestações dos atletas.
Além das duras criticas da Amnistia Internacional ao regime chinês, Pequim tem de lidar ainda com as ameaças à segurança interna, a pouco mais de uma semana do arranque das Olimpíadas.
Depois de uma explosão, esta segunda-feira, numa cidade situada a três horas de distância da capital, instalou-se o receio de futuros atentados, ainda que o executivo chinês tenha afirmado que a explosão em causa foi um incidente.
Mesmo assim, mais de dez mil elementos vão integrar uma força especial de segurança nos próximos dias.