Ana Miguel Pedro: “A melhor defesa contra a desinformação é ter cidadãos informados”
Eurodeputada alerta para a importância de literacia mediática e digital no combate à desinformação
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A eurodeputada Ana Miguel Pedro (CDS) defende a adoção de “medidas abrangentes” na União Europeia para “combater a propagação de 'notícias' falsas”. Em entrevista ao programa Fontes Europeias, da TSF, a Ana Miguel Pedro alerta para a utilização recorrente das redes sociais para manipular processos eleitorais, através do recurso a dados falsos, transmitidos como se se tratasse de informação verdadeira.
“Vimos casos recentes na Moldávia e na Roménia, onde atores externos utilizaram estratégias sofisticadas para influenciar resultados eleitorais e desestabilizar democracias”, afirmou a deputada, recordando que em 2024, um ano apelidado “o ano da democracia”, mais de 70 países foram às urnas, e que a desinformação trouxe “desafios significativos”.
Neste contexto, Ana Miguel Pedro frisou a importância de responsabilizar as plataformas digitais. “O combate à desinformação não significa censurar opiniões, mas promover transparência e garantir que quem espalha informações intencionalmente falsas seja responsabilizado”, sublinhou.
Uma das iniciativas recentes destacadas por Ana Miguel Pedro é a criação da “European Democracy Shield” (Escudo da Democracia), que permitiria responder aos desafios colocados pela desinformação e manipulação de informações. “Espera-se que inclua medidas para detetar e combater proativamente a desinformação, aumentar a literacia mediática e digital, e reforçar a aplicação da legislação europeia”, referiu.
Ana Miguel Pedro sublinhou a necessidade de combinar estas ações com iniciativas que promovam a transparência, como o desenvolvimento de mecanismos para detetar campanhas de desinformação antes que estas causem danos significativos. “O objetivo é criar um ambiente digital mais seguro, em que os cidadãos possam confiar na informação que consomem”, afirmou.
A eurodeputada reforçou a necessidade de haver um investimento em literacia mediática e digital para “capacitar os cidadãos” a identificar a presença de conteúdos falsos. “Promover a literacia mediática é essencial para ajudar a identificar e resistir às tentativas de manipulação online”, afirmou Ana Miguel Pedro, destacando ainda a relevância de garantir o pluralismo e a independência dos meios de comunicação social, que considera “a melhor ferramenta para combater a desinformação e garantir um ambiente onde os factos possam prevalecer”.
“O cidadão informado é a melhor defesa contra a desinformação”, afirmou a eurodeputada, apontando a necessidade de um ambiente em que a diversidade de opiniões seja preservada, diferenciando entre liberdade de expressão e disseminação deliberada de falsidades. “Quando combatemos a desinformação, não significa suprimir opiniões com as quais discordamos”, alertou. A eurodeputada defendeu a criação de uma rede europeia de verificadores de factos disponível em todas as línguas da União Europeia como parte de uma abordagem estruturada para enfrentar a desinformação.
A deputada também alertou para a dimensão global da desinformação, especialmente no contexto de interferências estrangeiras em processos democráticos. “Casos recentes demonstram como atores externos têm recorrido a campanhas de desinformação para influenciar resultados eleitorais e destabilizar democracias em todo o mundo”, afirmou. Ana Miguel Pedro destacou que o Parlamento Europeu está atento a estas ameaças e tem vindo a desenvolver parcerias internacionais para mitigar os seus efeitos.