Projeções divulgadas na quinta-feira à noite apontam para uma maioria absoluta dos conservadores.
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Os resultados das eleições britânicas antecipados pelas sondagens são vistos por analistas como um sinal de que haverá uma mudança na liderança dos Trabalhistas e questionam-se se o partido continuará à esquerda ou procurará o centro.
As projeções divulgadas na quinta-feira à noite apontam para uma maioria absoluta dos Conservadores e para uma derrota histórica dos Trabalhistas, a pior desde 1935. Em declarações à Lusa à margem de um evento em Londres sobre as eleições, a investigadora Marina Cino Pagliarello, da London School of Economics, defendeu que Partido Trabalhista entrou hoje numa crise de liderança e que Jeremy Corbyn terá agora de "repensar significativamente a sua liderança e os valores que o partido defende".
"A perda do Labour é a perda de Jeremy Corbyn. Talvez ele queira sair e deixar outro tipo de líder que consiga reagregar todos estes votos Labour perdidos", acrescentou.
O professor de Ciência Política da London School of Economics Patrick Dunleavy foi mais longe e disse acreditar que o líder Trabalhista, Jeremy Corbyn, deverá demitir-se hoje, se e quando se confirmarem os resultados das projeções, que dão aos Trabalhistas menos 71 assentos do que nas últimas eleições.
"Haverá uma corrida à liderança no partido e depois veremos se os membros mais à esquerda quererão ver continuar muito do que o Corbyn defende, mas de uma forma mais elegível, ou se haverá um candidato de centro que lutará por um Labour mais tradicional", disse, acrescentando que, "quem quer que ganhe, tenderá para o centro mais do que nos últimos anos".
O professor de Ciência Política Tim Bale, da Universidade Queen Mary de Londres defendeu que o resultado previsto é uma condenação do Partido Trabalhista "por ter escolhido alguém em quem o eleitorado não tem confiança".
Para Dunleavy, a aparente derrota dos Trabalhistas resulta de uma combinação de três fatores: "Uma posição complexa sobre o Brexit, um líder muito impopular e talvez ter ido demasiado à esquerda nas propostas. Penso que as propostas de esquerda não são necessariamente impopulares, mas penso que propor concretizá-las todas ao mesmo tempo neste momento seria difícil".
Tim Bale alerta que o Partido Trabalhista "tem uma tarefa difícil pela frente", a começar por decidir que tipo de líder escolherá para suceder a Corbyn.
"Se for mais um corbynista, o partido pode quebrar-se. Há muitos deputados que querem ver um Labour muito diferente, mas não sei se eles se manterão no partido se um corbynista for eleito", disse.
O problema, acrescentou, é que são as bases do partido que escolhem o líder e essas são muito esquerdistas, assim como os sindicatos que apoiam o Labour.