"Animal de palco" e "melhor cantora do mundo". Artistas portugueses recordam Tina Turner
A TSF foi recordar a artista norte-americana junto dos Delfins, que abriram um dos concertos da artista em Portugal, e João Pedro Pais, fã confesso.
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Num dos concertos que Tina Turner deu em Portugal, há 33 anos, no Estádio de Alvalade, a primeira parte foi realizada pelos Delfins. Fernando Cunha, guitarrista da banda, lembra aquele que foi um espetáculo memorável.
"Correu muitíssimo bem a nível técnico. Estiveram lá 50 ou 60 mil pessoas. Já não me recordo bem, mas o antigo Estádio de Alvalade estava completamente cheio. Fomos muito bem recebidos por toda a equipa de produção da Tina Turner, conhecemos a banda toda. Curiosamente o nosso camarim estava muito bem apetrechado de catering, com um frigorífico cheio de bebidas alcoólicas - cervejas e por aí fora -, coisa que a Tina Turner não tinha porque eles não podiam beber álcool. Conclusão: tivemos vários músicos da Tina Turner a bater-nos à porta para lhes darmos umas cervejinhas às escondidas. Conhecemos quase a banda toda. Ela chegou, foi para o palco e desapareceu logo a seguir, foi muito rápido. Só a vimos a atuar. Foi muito bom, ela ainda estava no auge da carreira, mas já lhe chamavam um pouco a avó do rock. Estava em grande forma, foi brutal para as condições que havia naquela época", recordou à TSF Fernando Cunha.
O vocalista da banda, Miguel Ângelo, também nunca mais se esqueceu da energia que a rainha do rock deixou em palco.
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"Foi um grande espetáculo. A Tina Turner é aquele animal de palco que todos conhecem, não só pela voz mas pela movimentação, energia e boa-disposição contagiante. Estavam 65 mil pessoas no estádio. Não havia ninguém parado. Estavam todos a dançar, com um sorriso no rosto e o grande emblema da Tina Turner era como ela conseguia aliar à sua carreira de intérprete toda essa energia contagiante. Não havia ninguém que ficasse impávido e sereno a assistir a um concerto dela. Eu estive dos dois lados. Não a conheci pessoalmente. Ela apenas passou brevemente pelos camarins quando mudou de roupa para o encore e depois saiu outra vez de escolta policial. Não houve hipótese sequer de a conhecer", lembrou Miguel Ângelo.
Álvaro Ramos, da produtora Ritmos e Blues, recorda o mesmo concerto em Alvalade.
"Era fogo, aquilo que nós sabíamos. Uma mulher de palco. Fez um espetáculo fabuloso que pôs as mais de 50 mil pessoas em alvoroço. Foi dos primeiros concertos de estádio em Portugal. Até 1990 Portugal não tinha recebido um artista neste nível, foi das primeiras grandes estrelas que vieram a Portugal. Por isso marcou-nos. Depois voltámos a repetir outro estádio, em 1996. Foi um sucesso. Esgotou também muito rapidamente e mostrou-nos que tinha uma posição ímpar no panorama musical da altura e de agora, por tudo o que representava", lembrou Álvaro Ramos.
Em Portugal há vários admiradores desta lenda norte-americana, como é o caso de João Pedro Pais. O compositor e música considera que estamos a falar da "melhor cantora do mundo".
"Nunca vi nada assim, juntamente com Aretha Franklin e Mary J. Blige. Só a seguir a elas é que viriam Whitney Houston, Beyoncé e companhia. A Tina era uma coisa do outro mundo, não tem explicação. Tinha carisma como intérprete. Assisti ao concerto no Estádio do Restelo, da última vez que ela atuou num estádio em Portugal, e aí já tinha quase 60 anos. Ela é algo do outro mundo. Estou a falar muito pausadamente e pensativo porque custa-me muito a crer. É muito esquisita esta notícia. Inaceitável", afirmou João Pedro Pais.