Palmira é o caso mais conhecido. A cidade remonta à pré-história e foi sempre um ponto de cruzamento de culturas e símbolo de tolerância. Algo que o Estado Islâmico não admite.
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Há quem defenda que a destruição de arcos e templos serve apenas para esconder o saque de antiguidades para conseguir financiamento. Foi para tentar provar essa premissa que o arqueólogo Mark Altaweel percorreu os antiquários e casas de leilões em Londres: um dos maiores mercados de antiguidades do mundo.
Foram precisas apenas algumas horas para encontrar artefactos da região mas o difícil é descobrir como chegaram. Mark Altaweel diz que "encontrámos alguns objetos que eram claramente da região mas não tínhamos como provar que tinham sido saqueados. Alguns antiquários disseram-nos que os objetos tinham chegado recentemente e aí não tínhamos dúvidas."
Sam Hardy, um perito em antiguidades saqueadas em conflitos, confirma que é fácil esconder e há negócios que não se importam com a ilegalidade. "Dizem-nos que são objetos que estão há muitos anos na família e que agora os querem vender". Os dois especialistas admitem que também é difícil saber se os saques foram feitos pelo Estado Islâmico.
Mark Altaweel diz que estamos perante uma crise de grandes proporções e muitas implicações: "A grande tragédia é a forma como o passado está a ser usado para destruir o presente. Por isso, falo em antiguidades de sangue. Mesmo a crise dos refugiados foi provocada pelo dinheiro ganho".
Nem todas as antiguidades terão sido pilhadas pelo Estado Islâmico, mas Sam Hardy diz que os fundamentalista têm várias razões para o fazer.
"Muitos dos locais são destruídos porque ideologicamente eles acreditam que tem de ser assim. Foi o que se passou com os templos dos yazidis, e as mesquitas xiitas. Estrategicamente eles também sabem que beneficiam com essa destruição porque o território fica mais fácil de controlar e incita os "jihadistas" a aderirem ao Estado Islâmico. E eles querem destruir mesmo a ideia de que pode haver uma alternativa", afirma.
Os especialistas acreditam que o negócio já rendeu aos fundamentalistas vários milhões de euros.