António Costa avisa que concessões antecipadas a Moscovo “seriam erro enorme” e defende “papel central” da Ucrânia nas negociações de paz
O presidente do Conselho Europeu defende que negociações de paz na Ucrânia devem garantir que Moscovo deixe de ser uma ameaça à Europa e à segurança internacional
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O presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou este sábado, na Conferência de Segurança de Munique, que a Ucrânia deve ter um papel central na definição dos termos de uma eventual negociação de paz com a Rússia. Costa rejeitou qualquer concessão antecipada ao regime de Moscovo, considerando que isso “seria um erro enorme”.
“Somente a Ucrânia pode definir quando há condições para uma negociação. Assumir concessões antes de qualquer diálogo é um erro enorme”, declarou Costa, reforçando a posição comum da União Europeia de apoio total a Kiev.
“Nas negociações, fornecendo garantias de segurança, na reconstrução e como futuro membro da União Europeia”, vincou António Costa, destacando que qualquer acordo deve ter presente que a Rússia se tornou uma ameaça, e assume uma postura agressiva junto às fronteiras da União Europeia.
Costa notou que o conflito iniciado pela Rússia em fevereiro de 2022 alterou a arquitetura de segurança europeia e que a paz na região não pode significar um simples cessar-fogo que permita a Moscovo rearmar-se e atacar novamente.
“Uma paz abrangente não pode ser apenas um cessar-fogo. Não pode dar à Rússia a oportunidade de atacar novamente. Não pode recompensar o agressor. Tem de garantir que a Rússia deixará de ser uma ameaça para a Ucrânia, para a Europa e para os seus vizinhos”, enfatizou o líder do Conselho Europeu.
António Costa destacou ainda os passos que a União Europeia tomou desde o início da guerra, incluindo a aceleração do processo de alargamento, com a abertura de negociações de adesão com a Ucrânia e a Moldávia, a redução da dependência energética da Rússia e um aumento significativo dos gastos em defesa, que cresceram 30% desde 2021.
“A União Europeia é um projeto de paz, mas sabemos que paz sem defesa é uma ilusão. Por isso, estamos a reforçar as nossas capacidades militares, a mobilizar mais financiamento e a fortalecer parcerias com a NATO e o Reino Unido”, afirmou.
O presidente do Conselho Europeu garantiu que a defesa continuará a ser “uma prioridade na agenda do Conselho Europeu” e anunciou que, nos próximos meses, a Comissão Europeia e o Alto Representante para a Política Externa apresentarão “novas propostas” para reforçar a segurança e a defesa da União Europeia.
Costa reiterou ainda a determinação europeia em continuar a apoiar a Ucrânia “como parte integral do projeto de paz”, assumindo o compromisso, enquanto líder do Conselho Europeu, que a União Europeia atuará “de forma mais eficaz, mais forte e mais rápida na construção da Europa da Defesa”.