António Simões sobe à presidência de um dos maiores bancos europeus. Numa entrevista ao Expresso, ele dizia que ser homossexual é uma vantagem, já que o tornou uma pessoa "mais autêntica, com mais empatia e melhor inteligência emocional".
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"Se não fosse gay provavelmente não seria CEO do banco". Esta convicção é do próprio António Simões. Numa entrevista ao semanário Expresso, em janeiro deste ano (chefiava na altura a divisão de Londres), dizia que ser gay é uma vantagem. Tornou-o "uma pessoa mais autêntica, com mais empatia e melhor inteligência emocional". Aos 40 anos, António Simões tem o hábito de se definir como um português " gay, baixinho e careca", para quem a homossexualidade nunca foi tema.
"Em vez de dizer a minha mulher digo o meu marido".
É casado desde que a lei mudou em Espanha. Estão juntos há mais de 12 anos e diz que ele e o marido são vistos como um exemplo de casal estável e bem sucedido.
No canal do HSBC no YouTube, há um vídeo onde António Simões e a famosa tenista Martina Navratilova falam de questões relacionadas com os direitos LGBT.
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Mas o que é que a homossexualidade tem a ver com o sucesso profissional? António Simões explica que as pessoas têm mais confiança nele, porque alguém que é capaz de ser honesto com algo que é difícil de partilhar, também o é noutros assuntos.
O banqueiro nunca teve de sair do armário e sempre foi espontâneo, quando alguém o presumia heterossexual. Auto-confiança? António Simões não a nega. "Coragem? Também! Para não fingir ser alguém que não sou".
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Acredita que daqui a 20 anos vai lembrar -se não dos produtos financeiros que desenvolveu ou das horas de trabalho extra, mas das pessoas que lhe disseram que fez a diferença na vida delas.
António Simões estudou na Universidade Nova, onde foi o melhor aluno do curso de Economia. Tirou um MBA na Columbia University, em Nova Iorque. Trabalhou na McKinsey e na Goldman Sachs.
Entrou para o HSBC em 2007. Esteve a trabalhar na Ásia, em Hong Kong, onde foi colocado em 2009 e onde assumiu um cargo de responsabilidade na área de planeamento e estratégia de fusões e aquisições. Em janeiro de 2012, voltou a Londres e foi nomeado o principal responsável europeu para a banca de retalho e gestão de fortunas, acumulando com um cargo de chefia no gabinete do CEO do grupo. Em novembro de 2012, foi nomeado CEO do HSBC Reino Unido e também diretor executivo do grupo para a Europa. Em Davos, já foi apontado como a jovem promessa do Fórum Económico Mundial. É membro do Conselho da Diáspora desde 2012. "Percebi no início da minha carreira que através da educação, do trabalho árduo, e tendo alguma convicção, conseguiria progredir na vida", disse numa entrevista ao Jornal de Negócios.
Sucede a Alan Keir no cargo de presidente do HSBC Europa. De acordo com o comunicado do banco, Keir prepara-se para se reformar, em março do próximo ano, depois de uma carreira de 34 anos no HSBC.
Contactado pela TSF, António Simões não comenta para já a nomeação para o cargo de presidente do HSBC Europa.