
Inúmeros refugiados recebem apoio na Turquia
Cristina Lai Men
Após o ataque protagonizado pela Turquia na Síria, a União Europeia continua a defender o acordo de ajuda aos refugiados firmado entre a União Europeia e a Turquia.
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A chefe da diplomacia europeia em funções, Federica Mogherini, defendeu esta quinta-feira a validade e a continuidade do acordo de ajuda aos refugiados firmado entre a União Europeia e a Turquia, apesar da ofensiva turca em curso na Síria.
Em Barcelona, após uma reunião do Fórum Regional da União para o Mediterrâneo, a Alta Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa e de Segurança afirmou que seria um erro vincular as ajudas comunitárias atribuídas a agências de apoio aos refugiados às ofensivas militares do Governo do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, no nordeste da Síria, que têm sido condenadas pelos Estados-membros do bloco europeu.
"Cometeríamos um erro se questionássemos o financiamento da UE às atividades humanitárias com os refugiados sírios ao relacioná-las com a ofensiva turca", disse Federica Mogherini, defendendo que os refugiados não podem ser "duplamente vítimas".
A chefe da diplomacia europeia em funções precisou que as verbas concedidas pela UE não passam pelos canais governamentais turcos.
Mogherini reiterou ainda a posição acordada pelos 28 Estados-membros de defesa de uma solução política para o conflito sírio e de um cessar-fogo imediato.
A Alta Representante em funções corroborou ainda as declarações do Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que advertiu, na quarta-feira, que nenhum financiamento europeu será concedido ao plano turco de criar "uma zona de segurança" no território sírio.
Segundo o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a operação militar que arrancou na quarta-feira no nordeste da Síria visa a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG), apoiada pelos países ocidentais, mas considerada terrorista por Ancara, e o grupo extremista Estado Islâmico.
Também pretende estabelecer uma "zona de segurança" naquela região.
A ofensiva turca surge após o anúncio do Presidente norte-americano, Donald Trump, no domingo, de que as tropas dos Estados Unidos iam abandonar a zona em causa.
Estados Unidos e Turquia acordaram em agosto último criar uma "zona de segurança", separando a fronteira turca de territórios no norte sírio controlados pelos curdos, mas, perante aquilo que os turcos consideraram ser a inação de Washington, as autoridades de Ancara ameaçaram concretizar o plano sozinhas.
A Turquia acolhe atualmente cerca de 3,6 milhões de refugiados, a grande maioria oriundos da Síria.
No início de setembro, Erdogan ameaçou "abrir as portas" aos migrantes em direção aos países da UE, caso Ancara não receba mais ajuda internacional.