De forma a entregar a embaixada da Venezuela no Brasil ao executivo de Juan Guaidó, apoiantes do autoproclamado Presidente terão forçado a entrada no edifício. O Governo brasileiro nega que tenha incentivado a ação.
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Um grupo de apoiantes de Juan Guaidó, chefe da Assembleia Nacional da Venezuela e autoproclamado Presidente daquele país, entrou esta quarta-feira na embaixada venezuelana em Brasília, capital do Brasil.
Em comunicado, a advogada María Teresa Belandria Expósito, indicada por Juan Guaidó como embaixadora e reconhecida pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse que um grupo de funcionários da embaixada da Venezuela a contactou, hoje de manhã, e entregou a embaixada.
"Um grupo de funcionários da embaixada da Venezuela no Brasil entrou em contacto connosco para nos informar que reconhecem o Presidente Juan Guaidó. Eles começaram a abrir as portas e entregar voluntariamente a sede diplomática à representação legitimamente credenciada no Brasil", informou o comunicado.
No entanto, a comunicação social brasileira relata que a entrada do grupo na embaixada aconteceu de madrugada e que a polícia militar foi chamada por funcionários que alegaram que os apoiantes de Guaidó forçaram a sua entrada no local.
O encarregado de negócios da Venezuela no Brasil, Freddy Meregote, também divulgou um vídeo negando que funcionários da embaixada tenham permitido a entrada do grupo.
O deputado (membro da câmara baixa) brasileiro Paulo Pimenta, do Partido dos Trabalhadores (PT), informou na rede social Twitter que esteve no local e que os funcionários da embaixada venezuelana teriam sido assediados por apoiantes do líder da assembleia venezuelana e pelo Governo brasileiro.
VÍDEO | Imagens da confusão na porta da embaixada venezuelana mostram o momento em que @DeputadoFederal ajuda o encarregado de negócios de Maduro (Freddy Meregote) a expulsar Alberto Palombo, um dos líderes do movimento pró-Guaidó que ocupou a sede diplomática. pic.twitter.com/muy7XKUpv0
- André Spigariol (@Andre_Spigariol) 13 de novembro de 2019
"Eu e o deputado Glauber Braga registámos a denúncia dos diplomatas venezuelanos na embaixada da Venezuela em Brasília, que foi invadida por milicianos contratados numa ação coordenada com o Governo brasileiro", escreveu, numa mensagem no Twitter, que acompanha um vídeo de Freddy Meregote relatando a alegada invasão.
A Venezuela não tem oficialmente um embaixador no Brasil desde 2016, quando o chefe de Estado brasileiro reconheceu Juan Guaidó como Presidente da Venezuela e recebeu a carta credencial de María Teresa Belandria Expósito, nomeada embaixadora no Brasil por Guaidó.
Os apoiantes de Guaidó terão sido expulsos do edifício. Assim, o prédio da embaixada da Venezuela no Brasil continuou a ser administrado por pessoas nomeadas pelo Governo de Nicolás Maduro.
Entretanto, apoiantes de Nicolás Maduro concentraram-se junto à embaixada no Brasil.
Governo brasileiro nega envolvimento
O Governo brasileiro informou, em comunicado, que não tomou conhecimento nem incentivou a invasão da embaixada da Venezuela em Brasília, capital do país, ao início da manhã.
"Como sempre, há indivíduos inescrupulosos e levianos que querem tirar proveito dos acontecimentos para gerar desordem e instabilidade. O Presidente da República jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da embaixada da Venezuela, por partidários do Sr. Juan Guaidó", diz a nota do Gabinete de Segurança Institucional.
Jair Bolsonaro também já reagiu nas redes sociais, e repudiou os acontecimentos.
- Diante dos eventos ocorridos na Embaixada da Venezuela, repudiamos a interferência de atores externos. Estamos tomando as medidas necessárias para resguardar a ordem pública e evitar atos de violência, em conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.
- Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 13 de novembro de 2019
O executivo brasileiro acrescentou que as forças de segurança do país estão a tomar providências para que "a situação se resolva pacificamente e retorne à normalidade".