Puigdemont quer que Pedro Sanchez diga que "receita" tem para a Catalunha.
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Carles Puigdemont disse esta manhã, em Bruxelas, que o apoio dos deputados Catalães à Moção de Censura com que o atual presidente do governo espanhol, Pedro Sanchez derrubou o executivo Mariano Rajoy, "não foi um cheque em Branco".
"A um presidente eleito é concedido um estado de graça (...) podemos conceder que se instale, que respire, que se expresse, que possa comparecer ao parlamento para conhecer as suas políticas", afirmou Carles Puigdemont, considerando que é isto é o que se está a passar agora com o presidente Sanchez".
"Agora isto não é um cheque em branco para o presidente Sanchez, [nem] para qualquer outro presidente. Claro que não. O que estamos todos à espera - não só os políticos, mas a sociedade, no seu conjunto, [é saber] qual é a receita Sanchez, se ela existir, perante o que ele reconheceu que é um problema político", disse, reconhecendo que até agora, "não há queixa da atitude [do governo]", nomeadamente, da parte de "todos os grupos que o apoiaram".
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O antigo presidente da Generalitat da Catalunha quis, porém, deixar um recado, agora que a região recuperou a autonomia, com o levantamento do artigo 155 da constituição espanhola.
"Abandonem a esperança de que nos resignaremos a esta falsa normalidade e que nos acostumaremos a um estado de repressão. A uma monarquia de repressão, se me permitirem exprimir precisamente", afirmou, vincando que "por alguma razão os valores que defendemos são os valores da república, para que vejamos o reconhecimento de direitos fundamentais, que não vemos reconhecidos pela monarquia".
Carles Puigdemont regressou este sábado a Bruxelas, ao fim de 4 meses impedido pela justiça Alemã de abandonar o território onde foi detido, na sequência da execução de um mandado da "Fiscalia" de Madrid.
No final do mês de Março Carles Puigdemont foi "retido" numa estação de serviço, na Alemanha, no estado de Schleswig-Holstein, no norte do país, não muito longe da fronteira com a Dinamarca. Na altura, Puigdemont regressava a Bruxelas, depois de uma deslocação à Finlândia, onde contactou com deputados finlandeses e participou, como orador, numa conferência, na Universidade de Helsínquia.
Foi o próprio advogado de Puigdemont, Jaume Alonso-Cuevillas quem, na altura, anunciou a ação, concretizada pela polícia alemã, dizendo que "o presidente Carles Puigdemont foi retido na Alemanha, quando passava a fronteira com a Dinamarca, a caminho da Bélgica desde a Finlândia".
O antigo chefe do governo da Generalitat da Catalunha foi depois transferido para o centro penitenciário de Neumünster, onde aguardou pela audição em tribunal, tendo ficado em liberdade, mas sem autorização para se ausentar do território alemão, até que fosse tomada uma decisão, sobre a sua extradição para Madrid, onde seria entregue à justiça espanhola.
Mas, a decisão do tribunal alemão, anunciada já este mês foi a de impor condições, para que a extradição fosse autorizada, nomeadamente a de limitar a acusação à "malversación" (mau uso de dinheiro público), deixando cair a "rebelião" e a "sedição", já que estes crimes, puníveis em Espanha com penas até 30 anos de prisão, não encontram paralelo na justiça Alemã.
Após esta decisão, o juiz espanhol Pablo Llarena retirou os mandatos europeus de detenção, recusando-se a aceitar uma extradição, que impusesse limites à acusação, tendo até criticado a "falta de compromisso" dos colegas alemães.