"Apoio dos EUA à Ucrânia é indiscutível." Cimeira na Suíça "pode ser início de um processo que leve à paz"
Nos próximos dois dias, 90 países vão reunir-se na Suíça com a guerra em cima da mesa. A Rússia e Joe Biden vão estar ausentes. O tema subiu a debate no Fórum TSF
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Na véspera da Cimeira para a Paz na Ucrânia, que se realiza, este fim de semana, na Suíça, Vladimir Putin reafirmou, esta sexta-feira, que Moscovo só aceita conversações de paz se a Ucrânia retirar as tropas de algumas regiões e desistir da ambição de entrar para a NATO. A Cimeira para a Paz na Ucrânia subiu a debate no Fórum TSF. Vítor Ângelo, antigo secretário-geral adjunto das Nações Unidas, acredita que o encontro pode ser o início de um processo que acabe por levar à paz na Ucrânia.
Nos próximos dois dias, 90 países vão reunir-se na Suíça com a guerra em cima da mesa, as ausências da Rússia, que não foi convidada, e do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, têm levantado dúvidas quanto à real eficácia da iniciativa. Ouvido no Fórum TSF, Vítor Ângelo defendeu que, com ou sem Biden, o apoio ocidental à Ucrânia não está em causa.
"O apoio dos Estados Unidos à Ucrânia é indiscutível. O Presidente Biden não vai estar presente, vai ser a vice-Presidente e o secretário nacional para a segurança que vão estar na Conferência na Suíça, mas essas presenças são muito importantes e mostram, claramente, uma vez mais, que os Estados Unidos apoiam um processo de paz e que apoiam, entretanto, a posição da Ucrânia no que diz respeito ao seu conflito com a Rússia. Por isso, eu não vejo, na ausência do Presidente norte-americano Biden, um grande problema", considerou.
O antigo secretário-geral adjunto das Nações Unidas defendeu, por isso, que será um encontro importante. "Chama-se Cimeira para a Paz, não é uma cimeira da paz, mas é uma cimeira para a paz. Quer dizer que pode ser o início de um processo que leve, mais tarde, a uma verdadeira conferência internacional para resolver o problema da agressão russa contra a Ucrânia e encontrar a paz. Por isso, eu penso que como primeiro passo é importante e, politicamente e diplomaticamente, faz sentido", sublinhou.
Também ouvido no Fórum TSF, João Vieira Borges, coordenador do observatório da SEDES para a Segurança e Defesa, admitiu baixas expectativas para o encontro da Suíça, mas acredita que todas as cimeiras são importantes. O general pediu cedências de ambos os lados: Rússia e Ucrânia.
"É importante não trabalhar a capitulação de Moscovo neste momento em face da situação atual, quando estamos a trabalhar em termos diplomáticos, temos que ter isso em atenção. Se encostamos qualquer das duas partes à parede, como se costuma dizer, obviamente que não temos soluções. É preciso haver uma porta aberta, essa porta aberta espero que tenha lugar aqui, ou seja, retirar-se um ou dois pontos das pretensões ucranianas e um ou dois pontos das pretensões russas, tem de haver cedências das duas partes", afirmou.
Já para a embaixadora Ana Gomes, o principal objetivo da cimeira da Suíça é dar algum conforto à Ucrânia.
"Não acho muito bem que se chame Cimeira de Paz, porque efetivamente não é uma cimeira de paz, visto que a Rússia, que é o agressor, não está sentada à mesa. É uma cimeira de conforto, é uma conferência de conforto à Ucrânia. A Ucrânia empenhou-se, a Suíça, país anfitrião, e outros países empenharam-se, sobretudo, para reunir ali muitos países do chamado Sul Global, a quem a Ucrânia quer explicar a sua posição, quer conquistar para a sua posição", disse.
Portugal vai estar representado, nesta cimeira, pelo Presidente da República, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
