Apple antecipa viagem de 1,5 milhões de iPhones da Índia para ter em stock nos EUA
A gigante norte-americana não para desde março e esta semana fretou mais voos para transportar 600 toneladas desde a Índia até aos EUA para acautelar stocks e impactos da tarifa de mais 54% na venda de telemóveis
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Perante a previsível escalada de preços, a Apple fretou os primeiros aviões de carga na Índia e já conseguiu transportar 600 toneladas de iPhones para os EUA, depois de aumentar a produção em território indiano.
De acordo com a agência Reuters, a empresa terá pressionado as autoridades aeroportuárias indianas para reduzirem de 30 horas para seis horas o tempo necessário para a libertação alfandegária no aeroporto de Chennai, no estado de Tamil Nadu, no sul do país, modelo que já utiliza em alguns aeroportos da China.
Desta vez, cerca de seis jatos de carga, com capacidade de 100 toneladas cada um, fizeram a travessia da Índia para os EUA desde março e o último foi esta semana, logo quando entraram em vigor as novas tarifas decretadas pelo Presidente Trump.
Descreve um funcionário indiano à agência de notícias que o peso embalado de um iPhone 14 e do seu cabo de carregamento chega a cerca de 350 gramas (12,35 oz), o que implica que a carga total de 600 toneladas compreendeu cerca de 1,5 milhões de iPhones, depois de contabilizar parte do peso da embalagem.
Nem Apple, nem Ministério da Aviação da Índia esclarecem esta estratégia de atuação numa altura em que a gigante norte-americana vende mais de 220 milhões de iPhones por ano em todo o mundo.
A Counterpoint Research estima que um quinto do total das importações de iPhone para os Estados Unidos venham agora da Índia e o restante da China, mesmo depois de Trump ter aumentado as tarifas sobre a China para os 125% na quarta-feira face aos 54% anteriores que, segundo os cálculos da Rosenblatt Securities, já inflacionavam o custo de 1599 dólares do iPhone 16 Pro Max (topo de gama nos Estados Unidos) para os 2300 dólares.
Com a intensificação dos envios aéreos a partir da Índia, a Apple quer aumentar em 20% a produção nas fábricas do iPhone, com a contratação de mais trabalhadores e a extensão temporária das operações a um novo turno criado ao domingo na maior fábrica da Foxconn na Índia.
Esta unidade fabril, situada em Chennai, passa a operar agora aos domingos, considerado até aqui o dia de descanso semanal, numa altura em que já tinha produzido no ano passado cerca de 20 milhões de iPhones, incluindo os modelos mais recentes do iPhone 15 e 16.
A estratégia de diversificar a sua produção além da China parece estar agora focada na Índia, onde os seus principais fornecedores, a Foxconn e a Tata, têm três fábricas instaladas e mantêm mais duas em construção.
A Apple passou cerca de oito meses a planear e a organizar o desalfandegamento acelerado em Chennai e o governo do primeiro-ministro, Narendra Modi, terá pedido às autoridades que apoiassem a gigante norte-americana, de acordo com uma fonte governamental à Reuters.
O efeito parece estar à vista, os envios da Foxconn da Índia para os Estados Unidos aumentaram de valor para 770 milhões de dólares em janeiro e 643 milhões de dólares em fevereiro, em comparação com o intervalo de 110 a 331 milhões de dólares nos quatro meses anteriores, mostram os dados comerciais alfandegários disponíveis.
Ainda de acordo com a Reuters, mais de 85% dos envios aéreos da Foxconn em janeiro e fevereiro foram descarregados em Chicago, Los Angeles, Nova Iorque e São Francisco.
