"Aqui na cidade, eu vejo as casas como se fossem gaiolas de gente. Na nossa comunidade, somos iguais a um pássaro, mas livres"
Kawá, protagonista do documentário Yupumá, veio da Amazónia profunda com o desígnio de conhecer o mundo e dar a conhecer a sua comunidade - os Huni Kuin. A última sessão passa esta quarta-feira, em Lisboa
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Estreou recentemente em Portugal o documentário “Yupumá”, o retrato quotidiano de uma aldeia indígena no estado do Acre, na zona amazónica do Brasil. A realização é da mexicana Verónica Castro, residente em Portugal, mas que passou 18 meses com os Huni Kuin, acompanhando em particular o jovem curandeiro Kawá e os rituais de preparação da viagem até Inglaterra. Essa é a peculiaridade deste filme – o índio que quer conhecer o mundo e quer que o mundo conheça a sua comunidade.
A TSF falou com a realizadora e o protagonista sobre as muitas diferenças entre ambas as civilizações, mas com uma certeza – provimos todos da Natureza. Sonorização de Mariana Sousa Aguiar.
Yupumá é o filme-documentário que está por estes dias em salas de cinema portuguesas, depois de ter estreado em Junho, na Dinamarca, no Latin American Film Festival de Copenhaga.
Yupumá significa fazer algo pela primeira vez e ser bem sucedido. Um conceito indígena do povo Huni Kuin / Kaxinawá das terras baixas da Amazónia, no Acre, junto à fronteira com o Perú. A figura central das filmagens é Kawá Huni Kuin, um pajé aprendiz, um curandeiro, hoje com 32 anos.
Entre os cantos dos pássaros que nos “avisam” quando vai chover e descidas pelo rio Jordão – único acesso à aldeia de Nova Fortaleza, onde esta comunidade vive – assistimos ao ritual de Kawá até estar pronto a fazer a grande viagem.
É tudo filmado por Verónica Castro, antropóloga e cineasta mexicana, inicialmente, apenas, para uma tese de mestrado. No terreno, Verónica filmou sozinha, chegando a ter como técnico de som auxiliar uma criança indígena de sete anos.
O documentário Yupumá passa esta quarta-feira no Cinema NOS Alvaláxia, em Lisboa, em sessões às 13h50, 15h40 e 21h00, esta última acompanhada de uma performance musical de Kawá e da irmã Bimi, com sessão de perguntas dos espectadores, no final. Uma co-produção com a Cedro Plátano.
