André-Joseph Léonard, que também é primaz da Bélgica, foi hoje condenado a pagar 10 mil euros como indemnização a um antigo menino de coro vítima de um padre pedófilo, por não ter tratado do assunto.
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O queixoso foi violado por um padre, no sul da Bélgica, entre 1987 e 1991. Os primeiros factos ocorreram quando tinha 14 anos, tendo-lhe causado importantes sequelas psicológicas.
Em 1996, o antigo menino de coro denunciou o seu violador a um tribunal interno da Igreja católica belga, que o aconselhou a seguir uma terapia.
Depois, apresentou queixa do agressor a um tribunal penal, mas os factos foram considerados prescritos. Recorreu então à justiça civil para reclamar indemnizações ao violador, que desta vez foi condenado.
Decidiu também pedir contas a André-Joseph Léonard, bispo de Namur, no centro do país, entre 1991 e 2010 e, a este título, superior hierárquico do padre violador. O tribunal de recurso de Liège deu-lhe hoje razão.
"Convém reter que a forma como (André-Joseph Léonard) considerou e tratou a denúncia dos abusos de que (o queixoso) foi vítima manteve este num sentimento de injustiça e abandono, entre 1996 e 2001, e contribuiu para o desmoronamento da sua estrutura psíquica, a sua desvalorização e os problemas psicológicos que causaram uma incapacidade de trabalho", indicou a sentença do tribunal, citada pelo jornal La Libre Belgique.
O tribunal considerou também que o atual arcebispo e chefe da Igreja católica na Bélgica, que vai apresentar a sua demissão ao Papa, por motivos de idade (75 anos), em 06 de maio, "não tomou medidas para afastar o padre, que veio a reincidir" na região de Namur, adiantou, por sua parte, o diário Le Soir.