A greve contra a política da presidente argentina, Cristina Kirchner, bloqueou hoje os acessos a Buenos Aires, afetou o comércio e perturbou as ligações aéreas regionais.
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«Há centenas de barreiras em todo o país», disse à imprensa um dos responsáveis pela greve, Oscar de Isasi, pedindo ao governo para «mudar de rumo», duas semanas após a realização de grandes manifestações em todo o país, consideradas um sinal da perda do apoio da classe média ao governo.
A companhia aérea chilena LAN anunciou, em comunicado, que vai anular «todos os voos internos que têm descolagem prevista antes das 16:00» locais e sete voos regionais de e para São Paulo (Brasil), Lima (Peru) e Santiago do Chile.
Os engarrafamentos causados pelas barreiras nas estradas são vários e há também uma linha do metro de Buenos Aires encerrada devido à greve.
O governo argentino criticou com dureza os piquetes que cortaram os pontos de acesso a Buenos Aires e obrigaram ao encerramento de várias lojas e bares. Os bancos também estão encerrados.
«Não é uma greve. Uma greve é quando os trabalhadores e funcionários decidem não ir ao trabalho», disse o chefe do Gabinete de Ministros Juan Manuel Abal Medina, em declarações à rádio, acrescentando que «os que querem ir trabalhar são apedrejados».
O ministro do Interior e Transportes chileno, Florencio Randazzo, também denunciou os bloqueios nas estradas e as ameaças a comerciantes.
A greve foi organizada por uma corrente dissidente da Central de Trabalhadores Argentinos (CTA) e pela CGT de Hugo Myano, dirigente dos camionistas, aliado da presidente Kirchner até 2011.
Os sindicatos exigem uma redução no imposto sobre rendimentos, que atinge cada vez mais os trabalhadores, e um aumento do salário mínimo.
Uma parte da CTA e uma parte da CGT continuam leais ao poder.
O crescimento económico da Argentina passou de 9 por cento em 2011 (ano da reeleição de Kirchner) para 2,2 por cento este ano, de acordo com previsões do Banco Mundial.
A popularidade de Kirchner está em queda livre. Uma sondagem recente indica que apenas 34 por cento dos inquiridos têm uma imagem positiva da presidente, contra 60 por cento na semana da reeleição.
Kirchner sucedeu no poder ao marido, Nestor, que morreu de ataque cardíaco em 2010, quando já não era presidente.