Entre as vítimas destes "voos da morte" estão três das primeira Mães da Praça de Maio, a organização de mulheres que se uniram em 1977 para reclamar pelos filhos desaparecidos pelo regime ditatorial.
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O avião usado pela última ditadura na Argentina (1976-1983) para atirar à água 12 pessoas detidas ilegalmente em 1977 foi recuperado e apresentado na segunda-feira em Buenos Aires com o objetivo de não deixar esquecer os sinistros "voos da morte".
Entre as vítimas destes "voos da morte" estão três das primeira Mães da Praça de Maio, a organização de mulheres que se uniram em 1977 para reclamar pelos filhos desaparecidos pelo regime ditatorial, nomeadamente Azucena Villaflor, Esther Ballestrino e María Ponce
Os 12 elementos do grupo de Santa Cruz foram sequestrados entre 08 e 10 de dezembro de 1977, quando planeavam publicar um anúncio num jornal para reclamar os desaparecidos.
O avião 'Short Skyvan' chegou à Argentina ido do estado do Illinois (Estados Unidos) onde era operado pela empresa Win Aviation para a prática de paraquedismo até ser comprado pelo Estado argentino, que o vai agora expor no Museu Sítio da Memória da Escola Mecânica da Armada, onde funcionou o maior centro clandestino de detenção do sanguinário regime.
"Estamos a trabalhar para trazer de volta este avião, como testemunho da tragédia argentina. Chocou-me pensar para o que serviu aquele avião, quantas vidas transportou para a morte", disse o Presidente da Argentina, Alberto Fernández, numa mensagem gravada, uma vez que se encontra no Brasil para uma visita de Estado.
A apresentação da aeronave contou com a presença da vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández, de vários membros do executivo e de representantes de organizações de direitos humanos.
Segundo foi possível provar, o avião participou num voo em 14 de dezembro de 1977 com os "doze de Santa Cruz", o grupo das Mães da Praça de Maio e outros familiares e ativistas que se reuniram na igreja de Santa Cruz, em Buenos Aires.