É difícil encontrar corpos em Moçambique. Mar e crocodilos escondem a dimensão da tragédia
A tragédia pode ser muito maior do que se calcula. Equipas de resgate explicam porque não são encontrados mais mortos.
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Rodeados por águas turvas e lama, muitos moçambicanos refugiaram-se em telhados e no topo das árvores. Muitos ainda estão à espera de ser resgatados.
Dominique Barros Pais, da Fundação Gift of the Givers, conta à TSF que na cidade de Búzi já foram resgatadas mais de quatro mil pessoas, mas ainda há quem precise de socorro imediato.
O nível das águas continua a subir, pelo que é necessário resgatar as vítimas com barcos e helicópteros.
Já os mortos raramente são encontrados. Os corpos das pessoas que morrem e caem à água são comidos por crocodilos, outros arrastados para alto mar, explica o voluntário.
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É por isso provável que a tragédia seja muito maior do que se calcula, como alertou esta manhã Graça Machel, presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade.
A antiga primeira-dama de Moçambique e viúva de Nelson Mandela estima que mais de três milhões de pessoas tenham sido afetadas pelo ciclone Idai
"Daqui a umas semanas, o mundo tem que se preparar para números muito maiores e pedidos de ajuda de grande escala" e com elevado grau "de sofisticação", tal o nível de destruição.
Dominique Barros Pais é filho de pais moçambicanos, mas os seus avós paternos eram portugueses. Vive na África do Sul mas viajou para Moçambique para ajudar as vítimas.
O balanço provisório da passagem do ciclone Idai em Moçambique voltou este sábado a aumentar, subindo para 417 mortos.