
Rita Carvalho Pereira
José Luís Carneiro esteve em Moçambique a visitar a comunidade portuguesa afetada pelo ciclone Idai. Em entrevista à TSF, descreve um cenário caótico, mas onde a naturalidade e a inocência das crianças não se perdeu.
Por um lado, destruição. Por outro, a esperança de dias melhores. As imagens que marcaram o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, quando esteve em Moçambique a avaliar os efeitos do ciclone Idai são de caos, mas também de renovação.
Em entrevista ao jornalista Fernando Alves, na manhã da TSF, José Luís Carneiro descreveu a revolta de quem tem que começar tudo do zero: "A pessoa tem uma revolta contra tudo, contra as circunstâncias da vida que levaram a que depois de terem feito uma aposta de vida tenham de novo voltado à estaca zero, por vezes, já com idade avançada."
Sem comunicações, água, eletricidade e transportes, viver na Beira, por esta altura, é "viver numa cidade em que tudo o que é essencial não existe, colapsou".
Apesar da tragédia que José Luís Carneiro experimentou com os sentidos, o secretário de Estado ficou particularmente tocado pela imagem da escola portuguesa da Beira "onde os meninos que tinham a sua escola destruída, as auxiliares e as professoras estavam a secar os livros no exterior da escola" sempre que o sol dava um ar da sua graça.
"Havia uma réstia de sol interpelada com chuvas e naqueles bocados de sol punham os livros a secar."
Outro momento marcante foi a noite em que visitou um casal "cujo marido estava acamado, com problemas de saúde graves" e encontrou "no corredor de acesso à habitação, sem luz praticamente nenhuma, várias crianças a brincarem com alegria, a falarem, com uma esperança no futuro como se nada de dramático se tivesse passado".