O homem que está isolado da civilização há mais de duas décadas viu a comunidade a que pertencia dizimada num ataque de fazendeiros.
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Vive sozinho há 22 anos, caça e planta o que come e conta apenas com a companhia das árvores e dos animais selvagens da Amazónia. As novas imagens de um índio eremita que rejeita a civilização foram divulgadas, esta quarta-feira, pela equipa que segue os seus passos desde 1996.
O vídeo partilhado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) mostra aquele que é conhecido como "o homem do buraco" seminu a cortar uma árvore com um machado. De acordo com coordenador regional da Funai, Altair Algayer, citado pelo The Guardian, o homem que terá cerca de 50 anos está de "boa saúde e em boa forma física".
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Os investigadores responsáveis por proteger o índio explicam, no site oficial da fundação, que o homem terá ficado isolado depois do último ataque de fazendeiros ocorrido nos finais de 1995. A população que teria cerca de seis pessoas ficou reduzida a uma. A Funai diz que "os culpados jamais foram punidos".
A experiência traumática pode ser uma das razões para o eremita se querer manter longe da civilização. A última tentativa de contacto da Funai aconteceu em 2005, mas os investigadores decidiram recuar quando perceberam que a situação era desconfortável para o índio.
Hoje, os responsáveis pela proteção do índio limitam-se a deixar-lhe algumas sementes e materiais que possam ser úteis ao homem. Em 2012, a Funai deu conta de que o indígena teria plantado batata, cará (um tubérculo parecido com o inhame), banana e mamão.
Apesar das condições adversas que enfrenta há mais de duas décadas, os investigadores dizem-se surpreendidos pela "vontade de viver" do índio.
"Esse homem, mesmo perdendo tudo, como o seu povo e uma série de práticas culturais, provou que, mesmo assim, sozinho no meio do mato, é possível sobreviver e resistir a se aliar com a sociedade maioritária. Eu acredito que ele esteja muito melhor do que se tivesse feito contacto", pode ler-se no site da Funai.
A Funai realizou 57 incursões de observação do indígena e cerca de 40 viagens para ações de vigilância e proteção do território indígena de Tanaru.