A fundação World Press Photo anunciou os vencedores da competição de 2022 nas categorias de Foto de Imprensa do Ano, Reportagem Fotográfica, Projetos de Longo Prazo e Formato Aberto.
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A grande vencedora do World Press Photo 2022 na categoria de Foto de Imprensa do Ano foi uma fotografia de Amber Bracken, tirada nos terrenos da Escola Residencial Kamloops, em British Columbia, no Canadá: uma fila de vestidos vermelhos pendurados em cruzes de madeira, ao longo de uma estrada. A imagem retrata uma homenagem às crianças que morreram na instituição, criada no séc. XIX para assimilar crianças indígenas. Em maio de 2021, uma investigação recorreu a um radar de penetração no solo e identificou até 215 possíveis corpos de crianças enterrados nos terrenos da escola, confirmando relatos de histórias orais sobre crianças desaparecidas e valas não identificadas.
O prémio global de melhor Reportagem Fotográfica foi para Matthew Abbott, pelo trabalho que fez para a National Geographic sobre as queimadas "frias" usadas pelo povo Nawarddeken para limpar os terrenos e assim evitar incêndios florestais em West Arnhem Land, na Austrália.
Na categoria Projetos de Longo Prazo, o primeiro prémio foi para o trabalho de Lalo de Almeida, para a Folha de São Paulo, sobre o ritmo a que decorre a devastação da floresta amazónica no Brasil e os impactos que a exploração tem sobre as comunidades indígenas, que são obrigadas a lidar com a degradação significativa do seu meio ambiente, assim como do seu modo de vida.
No Formato Aberto, uma categoria que admite produções multimédia, o primeiro prémio foi para Isadora Romero, com o trabalho "Sangue é uma semente", no qual se questiona o desaparecimento das sementes, a migração forçada, a colonização e a consequente perda do conhecimento ancestral. Numa viagem à sua aldeia ancestral de Une, em Cundinamarca, na Colômbia, Romero explorou memórias esquecidas da terra e das colheitas e aprendeu sobre o seu avô e bisavó que eram 'guardiões de sementes' e cultivavam várias variedades de batata, das quais apenas duas continuam a existir.
Mas além dos vencedores globais em cada categoria, há também para conhecer os vencedores das competições regionais: África, Ásia, Europa, América do Norte e Central, América do Sul, Sueste Asiático e Oceânia.
Nas categorias regionais foram destacados trabalhos sobre o medo de ir à escola nas zonas da Nigéria onde atuam grupos extremistas anti-seculares, um cinema em Cabul sob o regime Talibã, ou um projeto que documentou, entre 2013 e 2014, o contexto de longo prazo que levou à guerra de 2022 na Ucrânia, entre outros.
Pode ver todas as fotografias nesta galeria.
As imagens vencedoras da edição deste ano foram selecionadas entre 64.823 fotografias e 4066 trabalhos de formato aberto, submetidos por fotojornalistas de 130 países. As novas categorias regionais permitem a divulgação de histórias por fotojornalistas e fotógrafos documentais que trabalham localmente: 19 dos vencedores são nativos ou vivem na região de onde são as suas histórias.
Todos os vencedores recebem um prémio de mil euros, a inclusão dos seus trabalhos na exposição anual do World Press Photo, a inclusão no anuário anual, a publicação de um perfil pessoal no site World Press Photo, promoção nas plataformas World Press Photo, um convite para o programa dos vencedores e um prémio físico.