É o caso do momento na campanha eleitoral brasileira: estalou uma guerra entre a candidatura de Jair Bolsonaro e os juízes do Supremo Tribunal Federal, motivada por uma frase de Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do candidato da extrema-direita.
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Os jornalistas perguntaram a Jair Bolsonaro o que era isso de alguém da sua candidatura andar a dizer que bastava enviar um soldado e um cabo para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF). "É alguém que precisa de ir ao psicanalista", reagiu o candidato do Partido Social Liberal (PSL), que lidera destacado as sondagens para as eleições presidenciais do próximo domingo.
A frase em causa foi dita pelo filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, há poucas semanas, quando questionado sobre a possibilidade de impugnação da candidatura do pai pela Justiça.
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Os juízes do Supremo Tribunal, reagiram com veemência, através de uma nota do presidente do STF, Vicente Toffoli, em declarações públicas e ainda numa carta ao jornal Folha de São Paulo.
Num evento sobre os 30 anos da Constituição brasileira, outro juiz do Supremo Tribunal, Alexandre de Moraes, também comentou o vídeo de Eduardo Bolsonaro, recordando o americano Thomas Jefferson, quando proclamou que o preço da liberdade é a eterna vigilância.
O adversário de Jair Bolsonaro nas presidenciais, Fernando Haddad, tenta capitalizar a situação: "Os advogados estão estudando quais as ações cabíveis. É a defesa do estado democrático de Direito [que está em causa]". "Como é que as pessoas vão sentir-se seguras a sair às ruas se ele ameaça a integridade delas?", questionou o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT).
Eduardo Bolsonaro pode ser acusado de incitar à animosidade entre forças armadas e instituições civis, um crime tipificado na lei de segurança nacional.
Em nome dele e do filho, o pai Jair Bolsonaro já teve de pedir desculpas formais ao setor judiciário: "Ele reconheceu o seu erro, pediu desculpas. Eu também, em nome dele, peço desculpas ao poder judiciário. Não foi intenção dele atacar quem quer que seja. Nós prezamos o poder judicial, e muito, para levarmos avante as boas políticas para recuperar o nosso Brasil".
Mas é o mesmo Jair Bolsonaro que, ainda no último domingo, voltava a prometer à multidão que o saudava, na Avenida Paulista, em São Paulo, que irá "limpar" o país dos "marginais vermelhos".
Bolsonaro cumprindo aquilo que prometeu: nesta segunda volta das eleições presidenciais, não há cá nenhum "Jairzinho paz e amor".