O dia 11 de março foi proclamado o Dia Europeu das Vítimas do Terrorismo, em homenagem a todos os que perderam a vida, ou viram morrer familiares ou amigos, em ataques terroristas.
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A TSF conversou com espanhola Teresa Jimenez-Becerril, que em 1998 viu o irmão e a cunhada morrerem num ataque da ETA. Esta eurodeputada dedicou os últimos anos a legislar sobre a prevenção e combate ao terrorismo. Hoje afirma que as vítimas de terrorismo são muito mais do que aqueles que morrem.
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Para Jimenez-Becerril, o combate ao terrorismo será um trabalho permanentemente inacabado. A eurodeputada da comissão de Justiça e Assuntos Internos acredita, porém, que a Europa é um lugar mais seguro, embora registe uma mudança de perceção, em relação ao Terrorismo, desde os atentados de Atocha a 11 março de 2004.
"Nestes últimos 15 anos, desde esse terrível atentado de Madrid [na estação de comboios], morreram tantos inocentes, que eu creio que qualquer um pode ser vítima", disse, frisando que o terrorismo de hoje tem novos alvos e um novo perfil de vítima.
"O terrorismo da ETA também fazia vítimas civis. Mas, muitas vezes, eram políticos, jornalistas, empresários, [agentes da] Guardia Civil, polícias,...", lembrou a deputada, para quem os ataques de Madrid foram uma "chamada de atenção" para uma Europa impreparada para lidar com o terrorismo.
"Este ataque [na estação de Atocha] foi brutal porque morreu muita gente. Ainda por cima, a seguir a este ataque, sucederam-se os ataques de Londres, nos autocarros [e no metro], que também foram brutais. Houve o ataque no Bataclan, na sala de concertos e nos restaurantes de Paris, depois ataques em Bruxelas, no aeroporto [e no metro]. Houve o ataque em Estrasburgo, enfim... ficámos fechados até às quatro da manhã no Parlamento, quando um terrorista atacou", lamentou Jimenez-Becerril, lembrando também a existência do "ataque em Barcelona, nas Ramblas", em pleno verão de 2017.
No entanto, Teresa Jimenez-Becerril acredita que o terrorismo tem hoje mais dificuldade em fazer vítimas, pois "há 15 anos, as principais vias não tinham barreiras para evitar que um carro pudesse avançar. E, há 15 anos, não havia militares a patrulhar, como há na Bélgica, o aeroporto e muitos outros locais".
Além disso, lembra, "havia menos medidas, as polícias não partilhavam informações secretas como agora, não havia os serviços de inteligência que há agora, não havia a interoperacionalidade entre agências europeias, não havia uma consciência tão forte como há agora".
Enquanto legisladora, a eurodeputada do PP considera que ainda há muito por fazer, pois "para legislar, é muito importante que a opinião pública o exija. Para fazer com que treinar na Síria seja um delito, há quem venha dizer que "o delito ainda não foi praticado", então isto é ridículo. Porque a estratégia contra o terrorismo é a prevenção, a proteção, perseguição dos criminosos e resposta às vítimas. Se não legislarmos para prevenir um ataque, a única coisa que podemos fazer é consolar as vítimas".
Para Teresa Jimenez-Becerril que, em 1998, viu morrer irmão e cunhada num ataque da ETA, as vítimas do terrorismo são mais do que aqueles que morrem. O terrorismo, em primeiro lugar, mata um para aterrorizar todos. "No caso do meu irmão, tinha três filhos - 4, 7 e 9 anos - e, evidentemente, essas crianças são vítimas de terrorismo. A minha mãe, eu, outro irmão, os amigos dele. Porque o amávamos."