Três ladrões, indiferentes à lei mas ciosos das recomendação da OMS, usaram bilhetinho para fazer o assalto. Foram, no entanto, apanhados pela polícia.
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Como têm vivido os professores e os alunos, em época de isolamento social? Como, na quarententa, sobrevivem comerciantes, dependentes de clientela ao vivo e a cores nos seus estabelecimentos? Advogados, engenheiros, arquitetos, jornalistas adaptam-se ao teletrabalho?
E, face à pandemia, profissionais que precisam mesmo de estar na rua para manter os mínimos necessários à sociedade, como estafetas ou funcionários de farmácias e supermercados, vêm cumprindo as regras do distanciamento social e do uso de máscaras?
Muitas perguntas.
Ninguém se lembra de perguntar, no entanto, como se faz um assalto em época de covid-19. A resposta vem de Urupês, pequena cidade de 14 mil habitantes do estado de São Paulo. Lá, três ladrões cumpriram todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde.
De máscara, um hábito antigo da profissão entretanto imitado pelo restante da população, ao primeiro dos assaltantes coube tratar da área da comunicação. Entregou um bilhetinho, com dois erros ortográficos, a um dos funcionários a dizer:
"Isso é u [sic] assalto, não reaja, não estou sozinho, tem jente [sic] te olhando".
Quem estava olhando eram um tio e um amigo, a uma distância considerável da cena, talvez por pertencerem a grupos de risco.
O assalto seria bem-sucedido, não fosse imagens das câmaras no supermercado os denunciarem ao 30º batalhão de polícia militar do interior - apesar das máscaras na pequenina cidade toda a gente se conhece.
Os três estão agora, acusados de roubo e associação criminosa, numa prisão na vizinha Novo Horizonte. Provavelmente em aglomeração numa cela do desumano sistema prisional brasileiro.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras a crónica Acontece no Brasil