Numa carta enviada à Assembleia Geral das Nações Unidas, é denunciado que a cadeia internacional de abastecimento está a sofrer as consequências da pandemia e, se nada mudar, pode entrar em rutura.
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Os trabalhadores marítimos, motoristas de camião e trabalhadores de companhias aéreas tiveram de cumprir quarentenas, respeitar restrições de viagem, fazer centenas de testes à Covid-19 e esperar pelas vacinas. Muitos estão agora a chegar a um ponto de rutura.
Esta é mais uma ameaça ao abastecimento global de produtos, juntando-se ao aumento dos preços dos combustíveis, à crise energética na China e à pandemia que tem obrigado ao encerramento de vários portos chineses.
Para tentarem resolver um problema que pode abrandar ainda mais a economia mundial, as associações, que representam 65 milhões de trabalhadores de todo o mundo, enviaram uma carta à Assembleia Geral das Nações Unidas, que ainda está reunida em Nova Iorque. Pediram que sejam levantadas as restrições impostas à livre circulação e que os trabalhadores dos transportes sejam considerados prioritários no momento da vacinação.
Os representantes do setor referem ainda que, neste momento, existe uma escassez de mão-de-obra por causa das condições de trabalho. Uma falta de trabalhadores que pode agravar-se com o aproximar do final do ano, porque muitos irão recusar renovar os contratos de trabalho, com medo de não conseguirem estar em casa pelo Natal.
O encerramento de portos e as constantes mudanças nas restrições de viagens justificam esse receio. Há trabalhadores marítimos que estão desde o primeiro trimestre de 2020 sem colocar os pés em terra firme. Sempre que chegam a um porto, o material é carregado ou descarregado, mas as pessoas são impedidas de deixar a embarcação.
No início da pandemia, perante a paragem dos transportes aéreos, muitos destes homens e mulheres aceitaram prolongar os contratos para manter o fornecimento de alimentos, combustíveis, medicamentos e outros bens de consumo, mas agora dizem que já não aguentam mais.
Perante este cenário, as associações alertam que é urgente que os governos do mundo comecem a dar resposta às necessidades destes trabalhadores, e que, se não o fizerem, a cadeia global de abastecimento pode parar.
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