"Assunto pode ser considerado encerrado." Irão lança drones contra Israel e avisa EUA para "se manterem afastados"
Danos numa instalação militar e uma criança ferida por destroços, foram confirmados por Israel. Conselho de Segurança das Nações Unidas reune-se este domingo.
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O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai realizar uma reunião de emergência, este domingo, para analisar as consequências do inédito ataque do Irão contra Israel. A reunião foi convocada pela presidencia maltesa daquele orgão, e deverá acontecer às 16h de Nova York (21h de Lisboa).
Antes deste anuncio, já o secretário geral das Nações Unidas tinha condenado o ataque iraniano, escrevendo num comunicado, que "o mundo não tolera outra guerra". António Guterres pediu "contenção" a todas as partes.
O Irão iniciou um ataque com drones contra Israel. O anúncio foi feito pelo exército israelita e confirmado pelos iranianos. Os houthis, rebeldes do Iémen, e o Hezbollah também lançaram um ataque em coordenação com o Irão.
"Conduzida com base no artigo 51º da Carta das Nações Unidas relativo à legítima defesa, a ação militar do Irão foi uma resposta à agressão do regime sionista contra as nossas instalações diplomáticas em Damasco. O assunto pode ser considerado encerrado. No entanto, se o regime israelita cometer outro erro, a resposta do Irão será consideravelmente mais severa. Trata-se de um conflito entre o Irão e o regime israelita desonesto, do qual os EUA DEVEM FICAR AFASTADOS!", escreveu a missão permanente do Irão na ONU no x (antigo Twitter).
"O Irão lançou drones a partir do seu território em direção ao território do Estado de Israel", afirmou o porta-voz militar, contra-almirante Daniel Hagari.
"Estamos a trabalhar em estreita cooperação com os Estados Unidos e com os nossos parceiros na região para agir contra os lançamentos e intercetá-los", afirmou.
"Esperamos que os drones estejam aqui nas próximas horas e poderemos ver mais algumas vagas de drones à medida que o tempo avança", avisa o exército israelita.
Hagari afirma que este ataque é uma "escalada grave e perigosa" das tensões na região: "Estamos a monitorizar de perto os drones assassinos iranianos que estão a caminho de Israel enviados pelo Irão. Trata-se de uma escalada grave e perigosa."
"As sirenes soaram em Kibbutz Snir, no norte de Israel", informou o exército israelita em comunicado. Jornalista da AFP também reportam que as sirenes soaram em Jerusalém.
Antes deste anúncio, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, já tinha afirmado que o país estava preparado para um ataque direto do Irão.
"Estamos preparados para qualquer cenário, tanto em defesa quanto em ataque", afirmou Netanyahu, acrescentando que Israel conta com o apoio dos Estados Unidos e "de muitos outros países". O líder do governo israelita está reunido com o Gabinete de Guerra de Israel.
"Em resposta aos numerosos crimes cometidos pelo regime sionista, incluindo o ataque à secção consular (...), os Guardas da Revolução Islâmica dispararam dezenas de mísseis e drones contra alvos específicos dentro dos territórios ocupados (Israel)", afirmou a televisão estatal iraniana, citando um comunicado dos Guardas.
As Forças de Defesa de Israel, citadas pelo jornal Tomes of Israel, afirmam que já foram identificados mais de 100 drones lançados desde Israel e garantem estar preparadas para outras ameaças, como mísseis balísticos.
Segundo a ABC News, as autoridades dos EUA estimam que haverá entre 400 e 500 drones e mísseis lançados contra Israel a partir do Iraque, da Síria, do sul do Líbano e dos Houthis.
A Casa Branca já reagiu ao ataque dizendo que este vai "desenrolar-se durante várias horas". A declaração é da porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson, que acrescenta que "os Estados Unidos estarão ao lado do povo de Israel e apoiarão a sua defesa contra estas ameaças do Irão".
Joe Biden prometeu apoio firme a Israel: "Acabo de me reunir com a minha equipa de segurança nacional para uma atualização sobre os ataques do Irão contra Israel. O nosso compromisso para com a segurança de Israel contra as ameaças do Irão e dos seus representantes é inabalável."
O Ministério português dos Negócios Estrangeiros garante estar a acompanhar a situação e pede aos portugueses em Israel que cumprem os alertas emitidos: "Acompanhamos com grande preocupação a situação no Médio Oriente. Estamos em contacto com as nossas Embaixadas e desaconselhamos quaisquer viagens na região. Os cidadãos nacionais devem respeitar os alertas emitidos pelas autoridades e seguir as suas instruções de segurança."
Israel anunciou que vai fechar o seu espaço aéreo às 21h30 GMT (22h30 em Portugal continental). O Iraque, a Jordânia e o Líbano também anunciaram o encerramento do espaço aéreo. O Eito colocou o espaço aéreo em alerta máximo.
Segundo a televisão estatal jordana Al Mamlaka, esta decisão foi tomada "tendo em conta a escalada dos riscos na região", bem como para "preservar a proteção e a segurança da aviação civil no espaço aéreo jordano".
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, já condenou o ataque "imprudente" do Irão e garante que "continuará a defender a segurança de Israel": "Juntamente com os nossos aliados, estamos a trabalhar urgentemente para estabilizar a situação e evitar uma nova escalada. Ninguém quer ver mais derramamento de sangue."
As tensões entre os dois países subiu nas últimas semanas, depois do bombardeamento do consulado iraniano em Damasco, a 1 de abril, no qual morreram sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios.
