Ataque ao Charlie Hebdo. Todos os 14 acusados condenados a penas de prisão entre 4 e 30 anos
Veredito foi conhecido esta quarta-feira.
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Após quase três meses e meio de processo judicial foi conhecido, esta quarta-feira, o veredito dos ataques ao Charlie Hebdo, de janeiro de 2015. Todos os 14 arguidos do caso foram condenados por vários crimes, entre eles o facto de fazerem parte de redes criminosas e cumplicidade nos ataques.
Hayat Boumeddiene, companheira de Amedy Coulibaly, que matou um polícia e depois quatro pessoas no supermercado, foi condenada a 30 anos de prisão por financiar terrorismo e pertencer a uma rede terrorista. A condenada fugiu para a Síria após os ataques, onde está sob proteção do Daesh, mas já tem um mandado de captura internacional.
Também condenado a 30 anos de prisão foi Ali Riza Polat, por cumplicidade nos crimes terroristas cometidos pelos irmãos Said e Chérif Kouachi, bem como por Amédy Coulibaly - os três mortos por ação policial -, contra o jornal satírico Charlie Hebdo e num supermercado kosher em Paris.
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Entre as sentenças mais duras ficou também Mohamed Belhoucine, condenado a prisão perpétua, o que significa que a sentença tem um período de aplicação obrigatório de 30 anos.
Nezar Pastor Alwatik, por sua vez, foi condenado a 18 anos de prisão, Willy Prévost a 13 anos, Christophe Raumel a 4 anos, Amar Ramdani a 20 anos, Disse Makhlouf a 8 anos, Mohamed Amine-Farèsa 8 anos, Abdelaziz Abbad a 10 anos, Miguel Martinez a 7 anos, Metin Karasular a 8 anos e Michel Catino a 5 anos.
Durante o julgamento, os juízes consideraram que ficou provado que Abdelaziz Abbad, Miguel Martinez, Metin Karasular e Michel Catino tiveram um papel pouco relevante no planeamento dos ataques.
Os 11 acusados presentes em tribunal foram, assim, todos condenados pelos crimes, com sentenças que variaram entre os quatro e os 30 anos de cadeia.
A unidade antiterrorista do Ministério Público francês, que dirigiu a acusação, pedia penas entre cinco anos e prisão perpétua para os acusados.
Durante quase três meses e meio de processo judicial e mais de 150 testemunhas e especialistas, que tentaram reconstituir os atentados de janeiro de 2015, os 14 acusados defenderam a sua inocência, alegando que desconheciam o intuito jihadista dos autores dos ataques, e a defesa disse mesmo tratar-se de "penas de loucos" para um processo "frágil" e "vazio".
Durante os 54 dias de audiência foram ouvidas as famílias das vítimas mortais, com especial atenção para os familiares dos cartoonistas do Charlie Hebdo, mas também as vítimas que sobreviveram, testemunhas e todas as pessoas que cruzaram o caminho dos terroristas entre 07 e 09 de janeiro de 2015.
O processo judicial que culminou esta quarta-feira nestas sentenças não esclareceu todas as dúvidas e a defesa dos condenados denunciou que, nestes três meses, os seus clientes foram vistos desde o início como culpados.