O repórter André Luís Alves, em serviço especial para a TSF, conta que a situação em Vovchansk "é bastante complexa". Há pessoas que querem permanecer na cidade e que "só saem quando o vizinho é ferido"
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Mais de 5700 civis já foram retirados de Kharkiv na sequência dos intensos bombardeamentos russos contra a região ucraniana, segundo o The Kyiv Independent. A Rússia lançou, na sexta-feira, um ataque transfronteiriço contra a região fronteiriça do norte de Kharkiv, conseguindo romper as defesas ucranianas que protegiam a fronteira com a Rússia para levar os combates ao território ucraniano.
O repórter André Luís Alves, em serviço especial para a TSF, está em Vovchansk, uma zona localizada a cerca de 70 quilómetros do centro de kharkiv, a acompanhar um grupo de voluntários, e conta que "a situação na cidade é bastante complexa". "Há muitos veículos particulares a sair, carros muito antigos, carros soviéticos, repletos de sacos e de pessoas com animais", refere.
Contudo, há também quem queira permanecer no local: "As pessoas que ficam, geralmente, têm poucas posses, são já bastante idosas e ficam até à última, porque não querem perder a sua casa nem os seus pertences de uma vida. Portanto, ficam até a situação ser muito complicada e, normalmente, saem quando há fogo perto da sua residência ou quando o vizinho é ferido. Aí, sim, arrumam as suas coisas e partem."
Por outro lado, há quem esteja, acima de tudo, preocupado em salvar os animais. Sergey "arriscou a vida" para ir buscar as vacas numa propriedade que tinha nos limites da cidade de Vovchansk. "Os voluntários retiraram as pessoas, mas ninguém salva as vacas", diz o ucraniano.
As condições meteorológicas, com "o céu um pouco nublado e a temperatura a baixar bastante", pode dificultar a retirada de moradores da região de Kharkiv, uma vez que "complica um pouco as operações de vigilância com drones de ambos os exércitos".
As forças armadas ucranianas reconheceram esta segunda-feira que as tropas russas estão a obter "sucessos táticos" em Kharkiv, segunda maior cidade do país, mas anunciaram ter atingido duas infraestruturas de produção de energia em duas regiões fronteiriças russas.
Na última semana, foram registados mais de 830 confrontos na frente de Kharkiv, segundo o porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas da Ucrânia, Dimitro Likhova, referindo que o número de ataques aéreos russos contra posições ucranianas e infraestruturas civis se eleva a 580.
O porta-voz destacou ainda que a Rússia, apesar das "perdas significativas" que tem sofrido, conseguiu mobilizar mais cinco batalhões para tentar assumir o controlo da cidade de Vovchansk.
O Estado-Maior ucraniano estimou esta segunda-feira em 1740 o número de vítimas russas nas últimas 24 horas, um número sem precedentes na ofensiva transfronteiriça lançada pela Rússia contra a região nordeste da Ucrânia de Kharkiv.
O número de baixas inclui soldados russos mortos e feridos e é superior aos que Kiev tinha relatado nas últimas semanas e meses, quando esta contagem estava entre 800 e 1300 vítimas quase diariamente.
