Sedrick de Carvalho, um dos 17 ativistas que estão a ser julgados em Luanda, já depois de ter iniciado uma greve de fome extrema, tentou suicidar-se.
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Sedrick de Carvalho, jornalista e um dos ativistas angolanos detidos desde junho tentou suicidar-se esta segunda-feira. A informação foi avançada pela mulher do ativista, que revela ter recebido um telefonema dos serviços prisionais dando conta desta tentativa do marido.
Mais de um mês depois do início do julgamento dos 17 ativistas (15 estão detidos) acusados de conspirarem contra o presidente angolano José Eduardo dos Santos, Sedrick iniciou uma greve de fome extrema, que quer levar até às ultimas consequências.
A decisão foi manifestada numa carta do próprio, tornada pública esta segunda feira, na qual recusa alimentação, a ingestão de líquidos, também não quer receber visitas ou sair da cela.
Neusa Carvalho diz que esta segunda-feira foi visitar o marido que recusou recebê-la, e que teve de mentir-lhe, dizendo que levava a bebé de ambos para que ele saísse da cela. Sedrick acabou por ceder sem, no entanto, não fazer mais do que receber das suas mãos uma carta que ela lhe tinha escrito.
Depois da tentativa de suicídio, Neusa Carvalho revela que não sabe mais nada sobre o estado de saúde de Sedrick, afirma que as últimas informações que teve foi de que os psicólogos estavam a conversar com o marido.
Neusa Carvalho afirma que o julgamento dos ativistas, está ser muito lento e que o marido lhe diz que está muito cansado e que já não aguenta mais injustiça.
Sedrick Carvalho, na carta que escreveu e que foi tornada pública, reafirma a inocência mas diz que já não acredita numa decisão que não seja uma condenação. O ativista escreve afirma que "pelos constantes abusos e violações dos Direitos Humanos que se registam há 6 meses (...) Pela ininterrupta humilhação e desrespeito às nossas famílias (...) Pela palhaçada que se verifica em pleno julgamento da Ditadura contra a Democracia (...) Autorizo e recomendo ao juiz Januário Domingos que me condene já, mesmo sendo eu inocente, pois não acredito em decisão contrária em Ditadura.
Dos 15 ativistas detidos desde junho, pelo menos outros 3 iniciaram uma nova greve de fome. São eles Domingos da Cruz, Luaty Beirão e Nito Alves. No entanto, a mulher de Sedrick Carvalho adianta que estes não recusam líquidos, estando mesmo a receber soro.
O julgamento dos 17 ativistas angolanos acusados de prepararem uma rebelião foi retomado esta segunda-feira. Arranca agora a quinta semana de julgamento e há ainda quatro dos réus, dois dos quais em prisão preventiva desde junho, por ouvir.