O ativista angolano dos direitos humanos diz estar a ser alvo de mais uma tentativa de intimidação.
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Não uma, não duas, não três, mas onze queixas-crime.
O ativista e jornalista angolano Rafael Marques foi notificado para ser sujeito a interrogatório, na próxima terça-feira em Luanda, por um total de onze processos apresentados simultaneamente contra si.
Em causa estão as denúncias feitas por Rafael Marques sobre alegados crimes praticados na região das Lundas na extração de diamantes, envolvendo vários generais no topo da hierarquia das forças armadas angolanas.
A notificação, sublinha Rafael Marques, não refere os nomes dos queixosos nem o tipo de crime de que é acusado.
«Até ao momento, não permitiram que o meu advogado tivesse acesso a qualquer documento até para ver que queixas temos de responder no dia 23 de julho», adiantou o jornalista, salientando o detalhe legal de, num dos processos, ele ser constituído simultaneamente arguido e assistente.
«É uma novidade jurídica que não se enquadra sequer no ordenamento jurídico angolano, um indivíduo ser assistente num processo condenatório contra ele mesmo», explicou.
Rafael Marques diz que esta acumulação inédita de processos é uma forma de intimidação, que pode ter como objetivo vir a estabelecer uma caução impossível de pagar.
Com uma caução demasiado elevada, Rafael Marques corre o risco de ficar em prisão preventiva.
O ativista angolano dos direitos humanos, atualmente de passagem por Lisboa, faz questão de partir imediatamente para Luanda de modo a responder pelos onze processos que lhe foram instaurados.