A Amnistia Internacional convocou para esta segunda-feira o "dia da libertação", um ano depois após a detenção dos ativistas angolanos terem sido julgados por tentativa de golpe de estado.
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Os 17 ativistas angolanos estão a cumprir pena de prisão mesmo depois de os advogados terem entregue, no final de março, o pedido de "habeas corpus" no Supremo Tribunal e no Tribunal Constitucional de Luanda. Nada aconteceu até ao momento e os ativistas detidos há um ano e julgados por tentativa de golpe de estado mantêm-se na cadeia.
A Amnistia Internacional convocou para hoje o "dia da libertação" numa ação de solidariedade para com os prisioneiros de consciência em Angola mas também para denunciar perseguições, injustiças e violações dos direitos do Homem no país.
Em declarações à TSF, Mónica Almeida, mulher de Luaty Beirão, o ativista que já esteve em greve de fome mais de um mês, diz que este é um dia de má memória, triste e traumatizante.
Mónica Almeida diz mesmo que tem tudo para não acreditar que este possa ser realmente um "dia de libertação".
Também hoje, os ativistas escreveram a partir da prisão como o regime os ensinou a serem mais fortes, "ovelhas que aprenderam à força a conviver e a uivar como os lobos". São cartas publicadas pelo jornal Público, testemunhos na primeira pessoa.
Luaty Beirão assina um dos depoimentos, onde escreve que este é "um ano estranho".
"(...) É uma tragédia. Mas se nos focarmos naqueles que são os nossos objetivos maiores, os nossos sonhos para este país, é um pequeno sacrifício que conseguimos com a nossa dignidade intacta. Sinto-me mais livre dentro do meu cárcere sabendo que vim aqui parar por assumir as minhas convicções, do que a maior parte dos meus conterrâneos presos e escravizados pelo medo de pensar e de verbalizar as suas ideias", escreve.
Entretanto, o diretor dos Serviços Penitenciários de Angola disse hoje desconhecer a carta em que 12 dos 17 ativistas angolanos, detidos no Hospital-Prisão de São Paulo (HPSP), solicitam transporte ao Tribunal Supremo, caso o "habeas corpus" para a libertação não seja entretanto decidido, não se comprometendo com essa pretensão.
"Não tenho conhecimento dessa carta. O que nós fazemos é encaminhar as cartas, atendendo aos pedidos que são feitos e aos serviços. Há pedidos que eu não posso aceitar, nem encaminhar", disse António Fortunado à agência Lusa, reservando uma posição para mais tarde.