Os atores exigem melhorias salariais, um ajuste dos pagamentos que recebem por retransmissões das suas produções, bem como a regulamentação do uso da inteligência artificial na indústria.
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Os atores de Hollywood anunciaram, esta quinta-feira, que vão entrar em greve após o fracasso das negociações com os estúdios, unindo-se assim aos argumentistas numa ação conjunta inédita, que ameaça paralisar a indústria do cinema e da televisão americana.
O comité nacional do Screen Actors Guild (SAG-AFTRA) "votou em unanimidade para lançar uma ordem de greve contra os estúdios e as plataformas de streaming", anunciou o negociador do grupo Duncan Crabtree-Ireland, numa entrevista em Los Angeles.
Os atores exigem melhorias salariais, um ajuste dos pagamentos que recebem por retransmissões das suas produções, bem como a regulamentação do uso da inteligência artificial na indústria.
"Este é um momento histórico. É a hora da verdade", disse Fran Drescher, presidente do SAG-AFTRA, enquanto anunciava a convocação da greve.
"Se não fizermos isto agora, vamos estar todos em apuros. Estaremos ameaçados de sermos substituídos pelas máquinas e os grandes negócios."
"A greve começará à meia-noite desta quinta-feira, e todos nós, membros do sindicato, líderes e pessoal de trabalho, estaremos nos piquetes amanhã de manhã", acrescentou Crabtree-Ireland.
O CEO da Disney, Bob Iger, disse à emissora CNBC esta quinta-feira que as expectativas dos argumentistas e atores "não são realistas" e considerou a greve "muito preocupante".
Drescher ripostou: "Nós somos as vítimas. Somos vítimas de uma entidade muito gananciosa. Estou chocado com a forma como fomos tratados pelas pessoas com as quais fizemos negócios."
A atriz afirmou que o sindicato entrou em negociações com um espírito otimista, mas a resposta negativa dos estúdios colocou os trabalhadores "numa encruzilhada". "Não tínhamos escolha", acrescentou.
"Exigimos respeito e sermos reconhecidos pela nossa contribuição [...] Vocês não podem existir sem nós", declarou, ao se referir aos estúdios.
A última vez em que atores e argumentistas de Hollywood fizeram uma greve simultânea foi em 1960, quando Ronald Reagan, ator e futuro Presidente dos Estados Unidos, liderou uma ação que eventualmente obrigou os estúdios a darem o braço a torcer.
A cidade do espetáculo prepara-se agora para o impacto desta nova ação. A paralisação dos argumentistas tinha reduzido a quantidade de filmes e programas em produção, mas sem atores a indústria será obrigada a parar.
As estrelas também não participarão nos eventos promocionais dos seus filmes e tão pouco vão desfilar nos tapetes vermelhos.
Um dos pontos de desencontro entre os sindicatos e os estúdios são os chamados pagamentos "residuais", feitos todas as vezes em que as plataformas transmitem uma produção na qual participaram. Para os atores, a fórmula deve considerar a popularidade das produções na hora de realizar a compensação. Assim, um programa com maior audiência geraria mais pagamentos residuais. Mas as plataformas de streaming, como Netflix e Disney+, mantêm sob sete chaves as estatísticas de visualização, e oferecem a mesma tarifa por tudo o que transmitem, independentemente da popularidade.