Foi detida enquanto dava uma aula e obrigaram-na a despir-se em frente de soldados das SS. Fica na história como uma das figuras da resistência francesa aos nazis.
Corpo do artigo
Era professora, passou documentos falsos aos fugitivos do regime nazi e ajudou pilotos aliados a fugirem da França ocupada. Yvette Lundy morreu este domingo, aos 103 anos de idade, e fica recordada como uma figura da resistência francesa aos nazis.
Em 1940, quando era secretária da Câmara Municipal da cidade de Gionges, começou a passar documentos falsos "sem fazer perguntas" que permitiram salvar a vida de judeus, prisioneiros de guerra e pessoas condenadas a trabalho obrigatório no território alemão.
Foi detida pela Gestapo em junho de 1944, enquanto dava uma aula em Gionges, na região de Champagne, em França. Passou por vários campos até ser levada para Ravensbrück, uma instalação reservada a mulheres e crianças, e lá perdeu o nome. Passou a ser conhecida por 47360, como recorda a AFP.
"Ainda hoje, há um momento do dia em que penso no campo. Costuma ser à noite, antes de dormir", disse à agência em 2017. Quando passou o portão do campo nazi, a norte de Berlim, sentiu que "uma capa de chumbo" caíra sobre os seus ombros ao ver a falta de humanidade com que tratavam as prisioneiras, que eram obrigadas a despir-se em frente dos soldados das SS.
"O corpo fica nu e o cérebro, de repente, fica em farrapos. Somos com um buraco, um buraco cheio de vazio, e se olharmos ao redor, há ainda mais vazio", recordou Lundy. Acabou por ser transferida para Weima, foi libertada pelo exército russo a 21 de abril de 1945 e voltou para França de avião.
Catorze anos depois, em 1959, começou a contar a sua experiência em escolas francesas e alemãs. Deixou de o fazer em 2017, mas aceitava receber a visita de jovens no lar onde estava e onde respondia às suas perguntas.