Mais de 300 alunos vão ficar sem aulas de Português em Differdange, no sul do Luxemburgo, após a autarquia ter decidido acabar com os cursos, uma decisão que o Sindicato dos Professores no Estrangeiro considera «escandalosa».
Corpo do artigo
«Isto é um problema grave e escandaloso, e não sei que resposta a comunidade portuguesa lhe vai dar e o que a missão diplomática fará», disse à Lusa o secretário-geral do SPE, Carlos Pato.
Na origem da decisão da comissão escolar de Differdange estará o facto de o Instituto Camões, que tutela o ensino de português no estrangeiro, ter dado instruções para as turmas passarem a ter no mínimo dez alunos, o que obriga as escolas luxemburguesas a reagrupar turmas e reorganizar horários para conseguir esse número, explicou à Lusa o responsável da Coordenação de Ensino de Português no Luxemburgo, Joaquim Prazeres.
Em carta enviada à Coordenação, a comissão escolar de Differdange disse, nestas circunstâncias, a organização dos cursos, integrados no horário escolar, «não se mostra de todo realizável», um despacho que foi comunicado também ao ministro da Educação do Luxemburgo, Claude Meisch.
Ontem, o ministro lamentou a decisão da autarquia, alegando que a deliberação foi tomada «na sequência da decisão tomada por Portugal de dar menos recursos aos cursos», uma alusão à redução do número de professores no Luxemburgo, que vai perder cinco docentes no próximo ano.
À Lusa, o sindicalista disse que os cortes não afetam Differdange, «porque não eram esses docentes que asseguravam as aulas» na localidade, e acusou a comissão escolar de "má-vontade" em relação ao ensino de Português.
«Há muito tempo que eles manifestavam uma posição contrária aos cursos de Português e agora aproveitaram este pretexto dos dez alunos para pura e simplesmente fechar os cursos, de forma unilateral», disse Carlos Pato.
O caso surge menos de um mês depois de o ministro da Educação no Luxemburgo ter defendido o ensino da língua portuguesa no sistema escolar luxemburguês, durante uma visita ao Grão-Ducado do seu homólogo em Portugal, Nuno Crato.