Ausência de líderes mundiais, incluindo Montenegro, na COP29 mostra que "não há grande expetativa em relação às negociações"
Biden, Lula da Silva e Von der Leyen não marcam presença. No que respeita a Portugal, será a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, a chefiar a delegação, já que, pela primeira vez desde 2015, o primeiro-ministro não vai participar na cimeira
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Quase três décadas depois da primeira cimeira das Nações Unidas sobre o clima, os especialistas voltam a sentar-se à mesma mesa. A COP29 começa esta segunda-feira em Baku, no Azerbaijão, numa altura em que o mundo enfrenta desafios climáticos cada vez maiores. O exemplo mais recente é a tragédia de Valência, com graves inundações a causarem mais de 200 mortos e a deixarem um rasto de destruição.
Filipe Duarte Santos, professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com muito trabalho feito na área das alterações climáticas, sublinha à TSF o aumento do consumo de energias renováveis, mas também o crescimento das emissões de combustíveis fósseis. "É dececionante", carateriza.
O especialista soma, a estas preocupações, mais uma: o regresso de Donald Trump à Casa Branca.
"Afeta não só os Estados Unidos, mas o resto do mundo, porque os Estados Unidos são a maior potência económica e militar do mundo, são vistos por muitos países como um país determinante em relação a certas tendências. Tudo leva a crer que ele vá de novo retirar os Estados Unidos da América do Acordo de Paris (...) é um sinal para muitos países de desvalorização do problema da mudança climática", argumenta.
Joe Biden, ainda Presidente dos Estados Unidos, é um dos ausentes na cimeira que decorre no Azerbaijão. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e Lula da Silva, Presidente do Brasil, também não vão a Baku. No que respeita a Portugal, será a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, a chefiar a delegação. Pela primeira vez desde 2015, o primeiro-ministro não vai participar nesta cimeira do clima.
Filipe Duarte Santos considera que estas ausências são reveladoras da importância que o mundo dá ao tema.
Se não estão presentes significa que não há uma grande expectativa sobre o resultado das negociações. Agora, evidentemente, as alterações climáticas são muito importantes e seria desejável que o nosso primeiro-ministro estivesse presente. De facto, Portugal é um país particularmente vulnerável, assim como outros países do sul da Europa, às alterações climáticas.
O financiamento climático é o principal tema da cimeira de Baku. O encontro mundial começa esta segunda-feira e prolonga-se até ao próximo dia 22.