O Irão nega a utilização de mísseis, mas a teoria ganha força entre oficiais norte-americanos e iraquianos. A Ucrânia estuda sete cenários que podem explicar a queda da aeronave.
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As autoridades dos Estados Unidos acreditam que as forças iranianas abateram, por engano, o avião ucraniano que caiu no Irão com 176 pessoas a bordo na madrugada desta quarta-feira.
A revista Newsweek cita um oficial do Pentágono, um oficial sénior da segurança norte-americana e um oficial iraquiano, que defendem que a aeronave foi atingida pelo sistema antimíssil.
Entre passageiros e tripulantes, seguiam 176 pessoas a bordo do Boeing 737 que se despenhou pouco depois de descolar do aeroporto internacional Imam Khomeini, em Teerão. O avião da Ukraine International Airlines (UIA) caiu num terreno agrícola a sudoeste de Teerão.
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As fontes norte-americanas explicaram à Newsweek que a avaliação do Pentágono é a de que a queda do avião foi causada por acidente que o sistema antimíssil do Irão estaria ativo depois do ataque da semana passada que vitimou o Major General Qassem Soleimani.
Também o presidente dos Estados Unidos já deu voz à teoria norte-americana. "Alguém pode ter cometido um erro. Não foi o nosso sistema, não temos nada a ver com isso. [O avião] Estava a sobrevoar uma zona bastante difícil e alguém pode ter errado", alertou.
As munições utilizadas, acreditam as mesmas autoridades militares, serão mísseis de construção russa Tor-M1 conhecidos pela NATO como Gauntlet.
Irão nega mísseis
O chefe da Organização para a Aviação Civil do Irão, Ali Abedzadeh, já afastou qualquer cenário que envolva mísseis - algo que diz ser "cientificamente impossível" - e garantiu que os rumores "não fazem qualquer sentido".
Apesar desse desmentido, o Irão recusa-se a entregar a caixa negra do avião - um Boeing 737-800 - aos Estados Unidos.
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Para já, Abedzadeh convidou o Canadá e a Suécia a cooperarem nas investigações à queda deste avião. O governo britânico já pediu uma investigação "completa, credível e transparente" sobre este desastre aéreo.
"As informações que temos são muito perturbadoras e estamos a analisá-las com urgência", acrescentou um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro britânico (Downing Street), sem fornecer mais pormenores, após um contacto telefónico entre Boris Johnson e o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy.
O presidente ucraniano repetiu, esta quinta-feira, o pedido de "provas" ao regime iraniano.
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Ucrânia tem sete cenários em cima da mesa
As autoridades ucranianas estudam, por esta altura, sete cenários que podem explica a queda do Boeing 737-800. "Estamos a examinar todas as teses de forma minuciosa, são sete", adianta Sergei Danylov, secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, citado pela AFP.
Entre as teses ucranianas - e além do cenário que envolve um míssil e é apoiado pelas três fontes da revista Newsweek -, o país admite que a queda se deva a uma bomba colocada a bordo, à colisão do avião com um drone ou mesmo à explosão do motor "por razões técnicas ".
O avião da UIA descolou na madrugada de quarta-feira de Teerão com destino a Kiev antes de cair, dois minutos depois, matando todas as 176 pessoas a bordo: 82 eram iranianas, 63 canadianas e 11 eram da Ucrânia - nove delas formavam a tripulação -, aos quais se juntam dez suecos, sete afegãos e três alemães.