O regresso do takahē, uma ave grande e que não voa, às encostas alpinas da Ilha do Sul marca uma vitória da conservação no país.
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O takahē, uma ave grande, que não voa e que, durante décadas, se pensou estar extinta, foi libertada no vale do Lago Whakatipu Waimāori, uma zona alpina da Ilha do Sul da Nova Zelândia, na semana passada. Ao todo foram libertadas 18 destas aves em encostas onde não eram vistas a vaguear há cerca de cem anos.
Para os Ngāi Tahu, a tribo a que pertencem estas terras, este acontecimento é particularmente significativo, marcando o regresso à natureza das aves com que os seus antepassados viveram e em terras que tanto lutaram para reconquistar.
Os takahē são criaturas invulgares. Tal como várias outras aves na Nova Zelândia, evoluíram sem mamíferos terrestres nativos por perto e adaptaram-se para preencher os nichos do ecossistema que os mamíferos ocupariam. Não voam, medem cerca de 50 cm e vivem nas montanhas. A sua presença em Aotearoa remonta, pelo menos, à era pré-histórica do Pleistoceno, de acordo com os vestígios fósseis.
"Têm um aspeto quase pré-histórico. Muito largos e ousados", descreve ao The Guardian Tūmai Cassidy, da tribo Ngāi Tahu.
Quando são vistos de frente, o seu corpo parece quase perfeitamente esférico e têm penas azuis esverdeadas, empoleirados em duas longas pernas vermelhas e brilhantes.
Tā Tipene O'Regan, um académico neozelandês de 87 anos que pertence aos Ngāi Tahu, vê o regresso destas aves como a conclusão de uma história que começou na sua infância. Quando tinha 10 anos, O'Regan foi uma das primeiras pessoas a ver um takahē vivo em mais de meio século.
O seu pai, que era um grande conservacionista, participou na segunda expedição para encontrar estas aves, em 1949, com o filho a reboque. E O'Regan ainda se lembra do momento em que as viu pela primeira vez, quando lhe disseram que "eram aves extraordinárias".
"Esta última semana foi o fechar de um círculo muito longo. É uma alegria absoluta", confessa O'Regan.