Numa mensagem escrita, um funcionário da Boeing refere que não deixaria que a família entrasse num 737 Max. E há ainda uma mensagem, datada de 2018, em que um trabalhador diz não ter obtido o perdão de Deus pelo que ocultou "no passado".
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Funcionários da Boeing a questionar os procedimentos relativos à certificação do 737 MAX e a criticar a empresa quanto à supervisão do equipamento. As mensagens que a fabricante norte-americana partilhou com o Congresso norte-americano mostram a insatisfação dos pilotos face às aeronaves, que apresentarão, de acordo com os trabalhadores, falhas nos simuladores.
O aparelho 737 MAX está na origem de dois acidentes aéreos em 2018 (Indonésia) e em 2019 (Etiópia), com prejuízo de 346 vidas.
De acordo com a agência France-Presse (AFP), uma mensagem enviada em 2017, pode mesmo ler-se: "É um avião desenhado por palhaços, que, por sua vez, são supervisionados por macacos." O supervisionamento destas aeronaves é responsabilidade da Administração Federal de Aviação (FAA, conforme a sigla inglesa).
Numa outra mensagem escrita, um funcionário da Boeing refere que não deixaria que a família entrasse num 737 Max. E há ainda uma mensagem, datada de 2018, em que um trabalhador diz não ter obtido o perdão de Deus pelo que ocultou "no passado".
Os registos escritos foram facultados por congressistas envolvidos na investigação da certificação do dito modelo de aeronave em nome da "transparência".
A Boeing já reagiu em comunicado e explicitou que "estas comunicações não refletem a empresa que somos e que queremos de ser, e são totalmente inaceitáveis".
A empresa norte-americana vê-se, no entanto, em risco de aumentar as tensões com a FAA. Em dezembro, o presidente-executivo, Dennis Muilenburg, foi afastado devido às complicadas relações com a Administração Federal de Aviação.