"Balanço positivo." Argentina inverte défice comercial e tem maior excedente dos últimos 20 anos
Em declarações à TSF, o investigador do ISCTE Marcelo Moriconi refere que "as condições de vida dos argentinos eram más e continuam a ser más". "O que há de positivo agora é que há muito mais previsibilidade", assinala
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A Argentina registou em dezembro um excedente comercial de 1,7 mil milhões de dólares, o que elevou o total do ano para perto dos 19 mil milhões, informou esta semana o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). O país regista, assim, 13 meses consecutivos de saldos positivos na balança comercial e o saldo anual mais elevado em mais de 20 anos.
O excedente anual agora registado contrasta com o défice de 6,925 mil milhões de dólares registado em 2023.
O excedente dos 19 mil milhões de dólares resulta da conjugação de uma forte quebra das importações, que baixaram 18%, para 60,8 mil milhões de dólares, ao passo que as exportações subiram 19%, para 79,7 mil milhões.
Para o ano em curso, o banco central argentino prevê um excedente comercial superior a 25 mil milhões de dólares.
"Pela primeira vez em muitos anos, a Argentina consegue lutar contra o déficit fiscal"
Em declarações à TSF, Marcelo Moriconi, investigador do ISCTE, de origem argentina, defende que são dados positivos, e sublinha que, com a chegada de Donald Trump ao poder, abre-se agora uma janela de oportunidade para a Javier Milei.
"A macroeconomia a nível nacional está a melhorar no sentido de que, pela primeira vez em muitos anos, a Argentina consegue lutar contra o déficit fiscal", explica à TSF Marcelo Moriconi, sublinhando que Trump e Milei têm "uma relação de amizade". "Com a chegada de Trump ao poder nos Estados Unidos, abre-se uma janela de oportunidade", considera.
Marcelo Moriconi admite que a vida continua difícil na Argentina, mas já se notam melhorias. "As condições de vida dos argentinos eram más e continuam a ser más. O que há de positivo agora é que há muito mais previsibilidade. A Argentina tinha, antes da chegada de Milei, 200% de inflação. Portanto, isto significa que os preços mudavam dia a dia. Era impossível qualquer tipo de planificação familiar ou planificação estratégica. Hoje, podemos fazer essa planificação", garante.
O investigador do ISCTE lembra que, este ano, Javier Milei tem pela frente um dos maiores desafios do mandato: as eleições legislativas. Para Marcelo Moriconi, vai ser um momento de teste às políticas do Presidente argentino.
"A nível económico é um balanço positivo. Este ano vai ser definitório do que possa acontecer porque há eleições legislativas. Se Milei ganhar as eleições, somando mais apoio parlamentar, mais poder dentro do Parlamento, dos deputados e dos senadores na Argentina, isso vai ser sem dúvida uma demonstração de que Milei está a fazer as coisas bem e de que o apoio popular se mantém", acrescenta.
As eleições legislativas na Argentina estão agendadas para 26 de outubro deste ano.
