O juiz espanhol Baltasar Garzón diz-se convicto de que está a ser preparada uma sentença condenatória contra si, depois de ter sido indiciado por prevaricação.
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Baltasar Garzón está suspenso de funções desde 14 de Maio e ainda não foi a tribunal, mas acredita que pode vir a ser condenado. «Nesta altura é difícil pensar que não é uma sentença condenatória», afirmou aos jornalistas à margem do Estoril Film Festival, iniciativa na qual participa como convidado.
O juiz espanhol foi processado por prevaricação por pretender investigar crimes do franquismo, amnistiados desde 1977.
Garzón disse, no entanto, que não se arrepende da iniciativa que tomou. «Não posso arrepender-me daquilo que decidi em função da actividade judicial com análise das resoluções e das leis aplicadas ao caso, interpretando-as com o objectivo de investigar esse crimes e proteger as vítimas».
Baltasar Garzón defendeu que é importante que a investigação se faça e lembrou que as queixas contra si partiram de grupos da extrema-direita espanhola. «Essa investigação é necessária, é conveniente e pode ser defendida legalmente», acrescentou.
O "super juiz", como é muitas vezes designado, é actualmente consultor no Tribunal Penal Internacional (TPI), funções que vai exercer até Dezembro e não sabe se continuará.
Quanto à ETA, o juiz espanhol disse que a «boa cooperação e colaboração» entre Espanha e Portugal impediu que a organização separatista basca se fixasse em território português, um dos objectivos do grupo terrorista.
Baltazar Garzón acredita que a ETA tem menos força actualmente, mas sublinha que, apesar do cessar-fogo, não se pode cair no erro de pensar que a violência terminou.