O antigo juiz espanhol da Audiência Nacional Baltasar Garzón acusou hoje o Partido Popular de ter uma atitude «insensível» perante os crimes do Franquismo e lamentou que o esquecimento seja a norma, considerando que tal não é correto.
Corpo do artigo
Baltasar Garzón falava durante o VIII Ato de Homenagem às vítimas do Franquismo em Madrid, celebrado num cemitério da cidade, em vésperas da celebração do 83.º aniversário da proclamação da Segunda República Espanhola, na próxima segunda-feira.
Em declarações à EFE, Garzón disse que a Espanha é o único país que ainda «não fez praticamente nada a propósito das mais de 150 mil pessoas desaparecidas» durante o regime de Franco, que não tiveram «nem justiça, nem verdade, nem o reconhecimento que merecem».
«Estamos perante o único caso em que a impunidade é aceite e não é combatida, apesar das denúncias sucessivas de organizações internacionais, nomeadamente da Organização das Nações Unidas», disse.
O ex-magistrado voltou a reclamar a criação de uma «comissão da verdade» e de um programa de reparação para as vítimas e suas famílias.
Por sua vez, o porta-voz da associação Memória e Liberdade, organizadora da homenagem, Fuencisla Benavente, exigiu «justiça, verdade e reparação» para as famílias dos «cerca de 4.000 homens, mulheres e crianças que morreram de repressão», em Madrid.
A associação comprometeu-se ainda a construir um memorial na cidade em homenagem às vítimas da ditadura «para que os seus nomes não constem apenas de um papel, mas sejam inscritos num monumento».
A cerimónia contou com a presença de personalidades do mundo da cultura, como o artista Amparo Climent e atores como Nicolás Dueñas e Pilar Bardem, assim como dezenas de familiares, que colocaram flores no paredão de fuzilamento onde as vítimas foram executadas.